De olho em 2022, Richa visita região e se reúne com prefeitos para ‘medir’ popularidade

De olho nas eleições de 2022, o ex-governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), visitou nesta sexta-feira (05) a região de Campo Mourão, onde se reuniu com prefeitos e lideranças. Segundo ele, a agenda foi a convite dos próprios gestores. Na ocasião, o ex-governador falou sobre as denúncias de corrupção contra ele feitas pelo Ministério Público e sobre possibilidade de disputar algum cargo político no ano que vem. Ele recebeu também uma homenagem da Comcam pelas ações realizadas nos municípios em seu governo e um livro sobre a história do município de Araruna, entregues pelo presidente da entidade, Leandro César de Oliveira, prefeito de Araruna. Afastado das disputas eleitorais desde 2018, quando não conseguiu se eleger senador, o tucano está percorrendo várias regiões do interior do Estado em uma espécie de teste de popularidade, onde seu nome vem sendo sugerido por lideranças para ser candidato a deputado federal.

Eu não vou ser hipócrita de dizer que não tenho vontade de retornar, mas esta decisão vou tomar no momento adequado. Eu preciso também convencer a família porque o trauma foi muito grande. Ficam sequelas das maldades sofridas. As feridas estão cicatrizando. Mas preciso da autorização da família para pensar em disputar as eleições do ano que vem. E não sei a que cargo ainda”, declarou em entrevista à TRIBUNA.

Richa iniciou sua agenda em Engenheiro Beltrão, onde participou de uma reunião com o gestor municipal Adalmir José Garbim Junior (PSL). Em Peabiru, se reuniu com o prefeito Julio Frare (PL). Em seguida, esteve em um encontro com demais prefeitos da região e demais lideranças na sede da Comcam, em Campo Mourão.

Participaram os prefeitos Tauillo Tezelli (Campo Mourão); Same Saab (Iretama); Julio Frare (Peabiru), Leandro Oliveira (Araruna, presidente da Comcam), Aristeu Ceniz (Rancho Alegre D’Oeste), Rafael Bolacha (Moreira Sales, presidente do Ciscomcam); além do deputado estadual Douglas Fabrício, e ex-prefeitos. Na ocasião, os gestores declararam apoio a Richa caso ele dispute algum cargo no pleito de 2022. “Estamos juntos com você nesta”, declarou Rafael Bolacha, prefeito de Moreira Sales.

O prefeito anfitrião Tauillo Tezelli, agradeceu a visita de Richa e lembrou da parceria dele com os municípios. “O seu governo sempre esteve aberto aos prefeitos e sempre nos ouviu. Sempre fomos recebidos de portas abertas no Palácio do Iguaçu e isso temos que reconhecer”, falou ao comentar os investimentos do Governo do Paraná nos dois mandatos de Richa em Campo Mourão.

Beto Richa era favorito a uma cadeira no Senado em 2018, mas foi acusado de irregularidades em operações do Ministério Público – Integração, Rádio Patrulha e Quadro Negro. Ele chegou a ser preso no meio da campanha. Atualmente, Richa é réu em oito ações penais. Mas alega inocência. Afirma que o que sofreu foi um ‘processo político e não jurídico’. No entanto, garante que já superou esta ‘fase’. Richa disse ainda que está tranquilo com todos os seus direitos políticos e permanecerá como tucano.

“Quero que alguém me justifique porque sequestraram eu e minha esposa invadindo minha casa a vinte dias das eleições. Eu quero que respondam que pré-requisito preencho para tamanha atrocidade. Com a Fernanda foi uma covardia porque passados três anos não tem um processo e nenhuma denúncia sequer contra ela. Então porque fizeram aquilo? Para se alimentar do ego e da honra alheia? Pode parecer que eu tenho raiva, mas não tenho não. Eu tenho indignação, porque a gente demora uma vida para construir uma reputação. Prezamos muito pela nossa honra e não aceito que pessoas desqualificadas e dedo sujo apontem na minha ‘cara’”, desabafou o tucano, ao ressaltar que ficou três anos isolado e adotou o silêncio ‘para ter paz depois de toda violência sofrida’.

Exemplo

Ao usar a palavra, o presidente da Comcam, Leandro César Oliveira disse que Beto Richa é um exemplo aos prefeitos e ‘dá uma aula de como usar a política para o bem’. “A gente desanima na política o tempo todo. E são pessoas como você que mostram o quanto a gente deve lutar e batalhar para melhorar a vida da nossa população. Você é um exemplo, um pai para nós e nos motiva muito”, declarou Oliveira. Ele disse ainda que Richa teria, no mínimo, que ter recebido o voto dos 399 prefeitos do Paraná quando disputou as eleições para o senado em 2018. “Era o mínimo que tínhamos que fazer por você em reconhecimento a tudo que fez pelos municípios”, acrescentou.


Trajetória de Richa

Formado em Engenharia Civil pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Beto Richa tem 56 anos. É nascido em Londrina. Casado com Fernanda, tem três filhos – Marcelo, André e Rodrigo.

Sua primeira disputa eleitoral foi em 1992, sendo candidato a vereador em Curitiba pelo PSDB, obtendo em sua primeira eleição 1.882 votos. Com isso não conseguiu se eleger vereador faltando 240 votos e ficou como primeiro suplente do partido. Na época, Richa tinha 27 anos.

Em 1994, foi eleito deputado estadual com 22 mil votos. Quatro anos mais tarde, foi reeleito com 44.839 votos, tendo recebido o dobro de votos da primeira eleição que disputou. Richa foi escolhido em 2000 para ser o candidato a vice-prefeito de Curitiba de Cassio Taniguchi. Eleito, assumiu no primeiro ano de mandato a Secretaria Municipal de Obras Públicas.

Em 2002 candidatou-se ao governo do estado do Paraná pelo PSDB e obteve 888.796 votos, alcançando a terceira posição daquele pleito. No ano seguinte, reassumiu a vice-prefeitura de Curitiba. Em 2004, aos 39 anos, Richa derrotou o candidato do Partido dos Trabalhadores, ngelo Vanhoni, na eleição municipal de Curitiba, elegendo-se prefeito com 494.440 votos, 54,78% do total.

Em 2008, com a elevada aprovação dos curitibanos e com o apoio de lideranças importantes do Paraná, Richa foi reeleito prefeito de Curitiba ainda no primeiro turno com 778.514 votos, que equivalem a 77,27% dos votos válidos, derrotando a candidata do Partido dos Trabalhadores Gleisi Hoffmann, que ficou com a segunda colocação com 18,17% dos votos.

Em 30 de março de 2010, renunciou ao mandato na Prefeitura de Curitiba para concorrer ao Governo do estado do Paraná e em 3 de outubro de 2010 foi eleito governador do estado no primeiro turno, com 3.039.774 de votos. No dia 5 de outubro de 2014, foi reeleito governador do Estado do Paraná no primeiro turno com 3.301.322, que representam 55,67% dos votos válidos, sendo que o senador Roberto Requião ficou com 1.634.316 (27,56%) e a senadora Gleisi Hoffmann com 881.857 (14,87%). Nas eleições de 2018, foi candidato ao Senado Federal, mas não foi eleito, ficando em sexto lugar com 3,73% dos votos.