IAT investiga vazamento de ácido sulfúrico de empresa em Peabiru

O vazamento de ácido sulfúrico feriu animais e causou danos a uma Área de Preservação Permanente Ambiental (APP). Há evidências de que também tenha atingido ainda um afluente que desemboca no Rio Ribeirão Lagoa, em Peabiru. Análises laboratoriais estão sendo feitas para comprovação da contaminação da água e solo.

De acordo com registros fotográficos enviados à TRIBUNA, gados de sitiantes da localidade, que tiveram contato com o material, sofreram queimaduras graves nos cascos, entre outros animais. Além disso, por onde o ácido passou deixou a vegetação queimada.

O acidente aconteceu no dia 11 de janeiro, mas chegou ao conhecimento do Instituto de Água e Terra (IAT), núcleo de Campo Mourão, só na segunda-feira (24). O processo, um Relatório de Inspeção Ambiental (RIA), foi concluído na tarde desta quinta-feira (27) pelo IAT. A empresa responsável pelo produto é a “N.A. Química”. Fica localizada em uma área rural, na região da Serraria do Norte, distante cerca de dois quilômetros da cidade, próximo às obras do contorno viário.

Um dos sócios-proprietários ouvidos pelo jornal avalia a situação como uma fatalidade. “Em nove anos de operação nunca tinha ocorrido nada. Estamos tristes pelo ocorrido e assumimos toda responsabilidade já com medidas tomadas para minimizar os impactos”, adiantou Marcelo de Mello Nogueira. Leia abaixo a versão completa dele sobre o ocorrido.

A proporção real do impacto está sendo levantada em processo instaurado pelo IAT. Pela abrangência dos danos, o Órgão acredita que houve o vazamento de pelo menos cerca de 20 mil litros do ácido. “Diante das imagens dá para gente apontar aproximadamente uma quantidade. Para encharcar todo o pátio da empresa, extravasar, correr a mata e chegar no rio, a quantidade que imaginamos é algo em torno de 20 mil litros”, disse uma fonte do Instituto ao jornal.

O tanque onde o produto estava armazenado tinha capacidade para até 30 mil litros. “Não sabemos precisar a quantidade que vazou, mas o que tinha no tanque foi embora. Como estourou um cano não tinha como fazer nenhuma contenção. É ácido sulfúrico, não tinha nem como chegar perto”, informou a fonte à TRIBUNA.

Em um primeiro momento, a Polícia Ambiental esteve no local e lavrou um auto de infração no valor de R$ 10.000,00 à empresa pelo fogo na Área de Preservação Permanente Ambiental. “Pelo que já foi constatado houve contaminação de solo e água. Ou seja, foi um grave acidente ambiental. Agora começa o procedimento investigatório com amostragens de solo e água, assistência e monitoramento para concluir o processo”, informou a fonte ao jornal. Após a conclusão deste outro processo a empresa poderá vir a sofrer outras sanções por parte do IAT.

O acidente foi relatado pela própria “N.A. Química LTDA” no site do IAT, que vem monitorando a situação para que sejam minimizados os impactos. O Órgão informou à TRIBUNA, que as medidas preliminares foram adotadas pela empresa após o acidente. Como aplicação de cal em todo o circuito onde o ácido sulfúrico correu, para neutralizar a sua ação, além de, agora, estar recolhendo toda a borra.

A empresa também manteve contato com os afetados, oferecendo suporte veterinário para o caso de animais que foram atingidos. “Ninguém faz isso por querer. Foi um acidente e um produto caro que empresa perdeu. Estamos vendo a boa vontade dela em estar minimizando todos os efeitos”, afirmou o IAT.

A TRIBUNA conversou sobre o caso também com o coordenador da Defesa Civil de Peabiru, Juliano Pombo, que acompanha a situação. Ele informou que todas as medidas cabíveis para o momento foram tomadas e que a empresa, além de notificar as autoridades competentes, tomou as medidas para evitar a propagação de danos. “A denúncia demorou para chegar até nós, mas assim que ficamos sabendo deslocamos ao local junto da Polícia Ambiental e constatamos o fato”, disse.

Momento em que um dos proprietários registra a passagem do ácido em sua propriedade, lembrando uma espécie de lava

Fatalidade

A reportagem ouviu um dos sócios-proprietários da empresa, Marcelo de Mello Nogueira. Ele lamentou o acidente, e reafirmou que sua empresa adotou todas as medidas para minimizar os impactos.

O empresário explicou que uma conexão de um tanque estacionário onde era armazenado o produto se rompeu, causando o derramamento. “Temos uma caixa de contenção e ainda conseguimos conter, mas como deu muita pressão uma parte vazou para o pátio da empresa descendo uma estrada”, falou. Ele comentou que todo o material já foi recolhido e a área atingida limpa.

“Fizemos o recolhimento de amostras de solo e água e estamos confiantes de que não será nada de mais grave”, espera o empresário. Ele informou que a N.A. Química atua há 9 anos na fabricação de coagulantes, polímeros e produtos de limpeza de água e nunca tinha acontecido algum acidente antes.

“Foi um acidente isolado, até uma fatalidade e muitos estão nos tratando como bandidos. Temos todas as licenças para nosso trabalho. Sempre tomamos todas as precauções”, ressaltou Nogueira.

Recomendação

Um comunicado divulgado pelo Escritório Regional do IAT de Campo Mourão e a Coordenadoria Estadual de Acidentes Ambientais (CEAA), recomenda à população que evite a utilização de água de corpos hídricos e nascentes localizadas nas imediações de onde houve o vazamento até o conhecimento dos resultados da análise de qualidade da água. Por meio do Relatório de Inspeção Ambiental, o IAT requisitou à empresa responsável pelo acidente a apresentação das análises de água e solo no prazo de 30 dias.