Mamborê decreta emergência por perdas na agricultura; PR pede ajuda ao Governo Federal

Os prejuízos causados pela estiagem prolongada desde o fim do ano passado, que perdurou até janeiro, continuam afetando cada vez mais municípios na região. Agora foi a vez do prefeito de Mamborê, Ricardo Radomski (PSD), decretar situação de emergência em decorrência dos efeitos da estiagem que causou perdas severas na agricultura e, afetou, em alguns casos, o abastecimento de água em algumas cidades, como no caso de Altamira do Paraná e Iretama.

Na Comcam, 17 cidades estão agora em situação de emergência pela seca: Araruna, Barbosa Ferraz, Boa Esperança, Corumbataí do Sul, Engenheiro Beltrão, Farol, Iretama, Janiópolis, Juranda, Mamborê, Moreira Sales, Nova Cantu, Peabiru, Quarto Centenário, Quinta do Sol, Roncador, e Ubiratã.

Em Mamborê, o prefeito decidiu adotar a medida após se reunir com representantes do Sindicato Rural da cidade, que solicitou ao gestor o decreto devido às perdas no campo, que afetarão a economia local e a capitalização dos produtores.

“Uma grande seca assolou nosso município causando enormes perdas em diversas culturas. E como consequência um enorme prejuízo aos agricultores. Não bastasse este fato, estamos em período de pagamento de financiamentos junto às instituições bancárias e sem produção não existe recursos ao agricultor arcar com tal ônus em sua totalidade”, preocupou-se o presidente do Sindicato Rural do município, José Roque Rafaeli.

O decreto assinado pelo prefeito é válido pelo prazo de 180 dias, ou seja, seis meses. O documento já foi publicado no órgão oficial do município. Radomski justificou a medida adotada. “Como prefeito e também como produtor temos que ser sensíveis neste momento aos nossos produtores. Através de relatos, muitas de nossas lavouras encontram-se em calamidade devido às grandes perdas”, lamentou.

Radomski frisou que o município é essencialmente agrícola e terá a economia afetada pelo cenário. “Nos preocupa muito a situação econômica que iremos enfrentar. O produtor não quer deixar de pagar sua conta. O agronegócio fez o Brasil ‘andar’ durante toda a pandemia, agora precisa mais do que nunca da atenção das autoridades políticas municipais, estaduais e federais”, ressaltou.

Em dezembro do ano passado, o Governador Ratinho Junior estendeu a vigência do status de situação de emergência em todo o Paraná devido a estiagem prolongada, que agravou a crise hídrica no Estado. No Paraná, a quebra na safra em função da estiagem chega a 40%, com um prejuízo estimado em R$ 22,5 bilhões, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura. As lavouras mais afetadas são a soja e o milho.

O prejuízo com a quebra da safra paranaense provocada pela longa estiagem está aumentando e já chega a R$ 25,6 bilhões, considerando apenas as principais lavouras – soja, milho e feijão. Na soja, a quebra em média no estado é de 39%; no milho, 36%; e no feijão, 30%. Na região Oeste, a situação é mais crítica, chegando a 60% de perda.

Na região da Comcam, as perdas com a soja chegam a 46% e 62,73% no milho. A estimativa inicial do Deral apontava para uma produção de soja de 2.623.690 milhões de toneladas, caindo agora para 1.416.792 milhão/t, ou seja, uma perda de 1.206.898 milhão de toneladas. Já na cultura do milho 1ª safra, a estimativa inicial de produção era de 216.450 toneladas. Porém, devido à seca, o volume foi reduzido a 80.662. Ou seja, os produtores deixarão de colher 135.788 toneladas. Os números são relativos ao dia 26 de janeiro.

A situação levou o governo do Paraná a pedir ajuda ao governo federal. Um documento assinado pelo secretário da Agricultura, Norberto Ortigara, foi encaminhado em janeiro, à ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina. Os principais pedidos são: auxílio emergencial para que os agricultores possam liquidar dívidas, linha emergencial de crédito de custeio para plantio da segunda safra de milho, mais agilidade nas vistorias para análise e liberação das áreas para plantio e do seguro rural e distribuição de sementes para os agricultores que não têm condições de adquirir ou produzir a semente para o plantio da nova safra.

O documento foi elaborado em conjunto pela Secretaria da Agricultura, Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) e entidades representativas dos produtores rurais – Sistema Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Federação da Agricultura do Paraná (Faep) e Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares do Paraná (Fetaep).

Prorrogação de zoneamento

Também no início deste mês, a Comunidade dos Municípios da Região de Campo Mourão (Comcam), encaminhou ofício à Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, solicitando a prorrogação do prazo do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para implantação da cultura do milho safrinha nos municípios de Altamira do Paraná, Araruna, Boa Esperança, Campina da Lagoa, Mamborê, Nova Cantu, Peabiru, Campo Mourão, Corumbataí do Sul, Farol Juranda, Luiziana e Roncador. Nestas cidades, o prazo de semeadura encerra no dia 28 deste mês. Os produtores temem não concluir o plantio no prazo.

“O prazo precisa ser prorrogado excepcionalmente neste ano para estar adequado à realidade climática do Paraná”, destacou o presidente da Comcam, Leandro César Oliveira, prefeito de Araruna. Conforme os prefeitos destes municípios, em função da estiagem prolongada, muitos agricultores vão plantar em datas posteriores ao encerramento do zoneamento atual, aguardando a conclusão da colheita da soja e retomada das chuvas, correndo o risco de ficar fora do Proagro, seguro agrícola direcionado aos beneficiários do Pronaf. O pedido foi estendido também aos deputados e Senadores que representam a região e o Paraná, pra que reforcem a solicitação junto ao Ministério da Agricultura.