Adão tem uma sina: salvar vidas

Adão Adriano é um pastor, embora diferente. Não anda com a Bíblia sob os braços. Não usa ternos, gravatas ou camisas sociais. Aos 49 anos de idade, continua como sempre foi: simples. Por vezes, é visto de bermudas e chinelos. Na maioria, com camisetas comuns. Também usa barba. E jamais dispensou a alegria. Por sinal, fora do normal. Adão é um cara do bem. A simplicidade em pessoa. Com nobres atitudes, abriu as portas da própria casa, há 13 anos, para resgatar viciados do crack. Foi uma decisão própria. E uma certeza absoluta. Está vencendo o mal.

Adão é um cidadão comum a tantos outros. A diferença é que ele decidiu colaborar com a comunidade. Não tem salário e, ainda, o que recebe, divide com os que nada têm. Natural de Iretama, no Paraná, chegou há quase 30 anos em Campo Mourão, quando passou a trabalhar como encarregado do setor de tinturaria de uma confecção. Mas antes de conhecer Deus, os demônios atravessaram seu caminho.

Passou a morar com os dois irmãos mais novos. Um deles se perdeu nas drogas e o outro, acabou traficante. Uma combinação perfeita do caos familiar. Vendo a família desunida e a constante presença do mal, decidiu agir. Iniciou orações e pediu clemência ao criador. O fardo das drogas estava tão pesado que, um dos irmãos chegou a cravar uma faca em seu peito. Não morreu por pouco. Sentindo que podia ajudar, então passou a pregar a palavra de Deus. Virou pastor e logo salvou os dois irmãos. Hoje, ambos estão livres, trabalhando e ganhando o pão de cada dia. O bem prevaleceu.

Passado o tempo, Adão fundou a Comunidade Salvando Vidas. Uma entidade simples. Assim como ele. Dizem que o que se faz, é puro reflexo de nossa personalidade. Na casa, tudo é modesto. Camas, com lençóis limpos a quem precisa. Comida caseira, mas com gosto de gratidão. Além disso, palavras bíblicas, de quem deixou lições a seguir. Isso tudo possui apenas um único objetivo: salvar vidas. Vidas arrasadas pela droga. Adão já perdeu as contas de quantos “fantasmas” por ali passaram. Muitos deles, agora livres.

Com a ajuda de doações, hoje acolhe 12 pessoas. “O primeiro passo para salvar uma vida é ler a mensagem de alguém que ama aquela pessoa. Depois começamos orar. Pedimos a Deus sua libertação”, explicou. “A resposta de Deus é a recuperação de cada uma das pessoas que por aqui andaram”, diz. Adão conta que já havia acolhido de tudo um pouco, como mendigos, travestis, jovens, velhos, homens e mulheres. Eram histórias tristes, quase inimagináveis. Mas um retrato fiel do país. Uma realidade pouco mostrada, escondida por governos que desejam revelar apenas o lado bom do Brasil: o samba e o futebol – se é que isso continua em evidência.

Seu trabalho ainda é pouco divulgado, embora necessário. Vive de doações, apenas disso. Alimentos, dinheiro, colchões, roupas são sempre bem vindos. Há algumas semanas, a Comunidade Salvando Vidas recebeu uma menção da Câmara Legislativa de Campo Mourão. Foi uma espécie de reconhecimento a tudo o que a casa vem fazendo. Antes tarde, do que nunca. E ele teve muita gratidão.

Agora, Adão também conta com uma rádio web. Através dela, suas mensagens e testemunhos rodam o Brasil. Além disso, ele ainda presta um trabalho com pessoas em situação de rua. Cerca de 120 marmitas são distribuídas durante as noites, semanalmente. Definitivamente, o pastor nasceu com uma sina. Ele vive em função de outras pessoas. Mas sempre, tentando as salvar.

Serviço

O telefone da Comunidade Salvando Vidas é (44) 99989-8973