Clima e bons preços favorecem cultura do trigo na Comcam

Após uma safra frustrada por problemas climáticos no ano passado, produtores de trigo contam agora com boas perspectivas na Comcam, tanto em relação a preços, quanto ao clima. A estiagem que atrasou o plantio da safra de soja 2019/20 deixou uma janela bastante apertada para o milho safrinha. Com isso, o trigo ganhou força como opção de inverno na safra 2020/21. 

De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), órgão vinculado a Secretaria Estadual de Agricultura (Seab), núcleo de Campo Mourão, o clima seco dos últimos dias está contribuindo para o desenvolvimento do cereal na região. “Por enquanto está beneficiando, porém, algumas áreas em que o cereal está na fase de frutificação já precisam de chuva”, observou o técnico do Deral, Paulo Soares Borges.

Na região da Comcam, os produtores destinaram uma área de 99.700 hectares para o cereal. A estimativa de produção é de 309 mil toneladas. De acordo com o Deral, 15%  (14.955 hectares) estão em médias condições de desenvolvimento enquanto 85% (84.745 há) em boas condições. Na região, 76% da cultura estão em desenvolvimento vegetativo, 23% em floração, e apenas 1% em frutificação. 

Em relação à safra passada, houve uma redução de cerca de 10% da área de trigo na Comcam este ano, quando naquela ocasião foram semeados 110 mil hectares com o cereal. A safra 2019/20, ficou marcada pelas perdas causadas pelas geadas. O Deral registrou uma quebra de 15% na produção, caindo de 324,5 mil toneladas para 275,8 mil.  A geada foi registrada entre junho e julho, e atingiu boa parte do trigo ainda na fase de floração e frutificação, estágios mais sensíveis às condições climáticas.

O preço do trigo na regional de Campo Mourão, é outro fator que  está animando os produtores rurais. A saca de 60 quilos está cotada em média a R$ 58,00. No mesmo período do ano passado o valor médio praticado era R$ 46,50. Ou seja, houve uma valorização de cerca de 20% do produto.   

Segundo o Deral, é um preço que não dá prejuízo ao produtor. De acordo com o órgão, o trigo é complicado em sua comercialização e, além disso, tem um custo de produção muito elevado. Ou seja, o produtor tem que ter uma produtividade boa para não sair prejuízo.

Paraná

No Paraná, o  trigo confirmou o aumento de área esperado, de 1,03 para 1,1 milhão de hectares, 10% superior ao ano passado. Caso a produtividade mantenha-se próxima da normalidade, a produção pode chegar a 3,7 milhões de toneladas, 72% acima dos 2,1 milhões produzidos no ano passado, quando as lavouras foram prejudicadas pelas geadas.

O aumento na área justifica-se pela cotação – R$58,00 a saca de 60 kg, um dos maiores patamares em termos nominais da história. O preço tem sido impulsionado especialmente pelo dólar alto, pelo período de entressafra e, mais recentemente, pela preocupação mundial em estocar alimentos por causa da pandemia de Covid-19. É necessário que os produtores fiquem atentos a possíveis variações nesses valores.

Por outro lado, os mesmos fatores levaram o milho a preços muito competitivos, o que limitou o incremento da área do trigo. O valor também está acima dos custos variáveis, estimados em aproximadamente R$ 46,00 por saca em fevereiro de 2020. O preço do Paraná é bastante competitivo em relação aos países de onde o estado importa trigo, especialmente a Argentina, o que deixa o consumidor em alerta, já que até setembro, quando iniciar a colheita, o Paraná estará comprando trigo em patamares recordes em Real.