Com tendência de bons preços, Coamo prevê safra de verão positiva

Em entrevista à TRIBUNA, o presidente dos Conselhos de Administração da Coamo e Credicoamo, José Aroldo Gallassini, fez um panorama geral da próxima safra de verão, falou dos investimentos previstos da Cooperativa para os próximos anos e dos desafios frente à pandemia da Covid-19.

Sobre a safra de verão, Gallassini disse que a expectativa é positiva, devido a tendência de bons preços. O presidente lembrou que o Governo Federal lançou recentemente o Plano Safra, disponibilizando R$ 251 bilhões aos produtores rurais do Brasil, para o custeio, o que também deverá contribuir para o sucesso da safra. Além disso, por sua vez, os custos de produção para implantar as culturas de soja, milho e trigo, incluindo a compra de insumos, tratos culturais, custo do seguro, assistência técnica e o frete, apresenta a melhor relação de troca dos últimos anos. Leia a entrevista completa.

Tribuna do Interior – Como a Coamo e seus cooperados atravessaram a pandemia?

José Aroldo Gallassini – Desde o início da pandemia, a Coamo se sensibilizou com a situação, pensando no bem-estar e na saúde dos seus cooperados, funcionários e comunidade. Criamos o Comitê de Prevenção ao Novo Coronavírus e um Plano de Contingência que está funcionando muito bem com as providências necessárias, o engajamento e a participação de funcionários, cooperados e também, de clientes, fornecedores e outros, no ambiente da cooperativa. O uso dos canais digitais da cooperativa também foi determinante para evitar aglomeração de cooperados e visitantes nas unidades da Coamo. Recebemos elogios de vários prefeitos pela atuação da Coamo na prevenção e também pelo comportamento de funcionários e cooperados com os protocolos sanitários.

Os agropecuaristas estão envelhecendo bem como seus dirigentes? Qual sugestão o senhor daria para seus cooperados que possuem filhos e estes não se interessam muito pela agropecuária?

Estamos fazendo há muitos anos um grande trabalho para mostrar a importância dos jovens dentro da cadeia produtiva e motivando-os para participar do processo natural de sucessão na agropecuária. Iniciamos este ano a 25ª turma de Jovens Líderes Cooperativistas com mais de 42 jovens cooperados, com idades entre 18 e 35 anos de idade, de diversas unidades do Paraná e Mato Grosso do Sul. Por meio desse curso, eles estão tendo oportunidade para se aperfeiçoar com noções de administração, gestão, planejamento e serem empreendedores no agronegócio. Idealizamos esse programa em 1998 e desde então, ele é promovido anualmente, e já formamos mais de mil jovens cooperados. O nosso objetivo com esse programa de educação é formar cooperados visando a sucessão nas propriedades e a perpetuação da cooperativa, haja vista que a Coamo não foi feita para uma ou duas gerações, mas para vida toda.

Qual a perspectiva da próxima safra de verão? Os bons preços devem continuar? e os custos de produção estão elevados também?

A nossa expectativa é positiva de uma forma geral, com tendência de bons preços. O governo lançou recentemente o Plano Safra, que é considerado positivo, com R$ 251 bilhões disponibilizados aos produtores de todo o Brasil. Há um acréscimo na taxa de juros, mas ainda assim o plano ficou atrativo, sendo fruto de um grande trabalho das lideranças cooperativistas junto ao governo. Por sua vez, os custos de produção para implantar as culturas de soja, milho e trigo, incluindo a compra de insumos, tratos culturais, custo do seguro, assistência técnica e o frete, apresenta a melhor relação de troca dos últimos anos.

Quais os principais investimentos que a Coamo está implantando neste segundo semestre?

Entre os investimentos da Coamo para 2021/2023 aprovado pelos cooperados em Assembleia Geral, estão nas unidades operacionais a ampliação da capacidade estática, secagem, automações, fluxos de recebimento de produtos agrícolas e adequações de segurança. A Coamo iniciou os trabalhos de construção de dois modernos entrepostos nos Municípios de Rio Brilhante e Ponta Porã, que irá ampliar a nossa atuação no Estado do Mato Grosso do Sul e beneficiar um número maior de produtores associados. Na área Industrial, a Coamo está promovendo diversas melhorias com a modernização de processos em suas indústrias em Campo Mourão, Paranaguá e Dourados. Em Paranaguá, além de aumento na capacidade de armazenamento, entrará em operação um novo e moderno terminal próprio; em Campo Mourão foram iniciados os trabalhos para construção da indústria de ração. Dentro do nosso planejamento estratégico, iniciamos estudos de viabilidade visando a implantação futura de uma indústria de etanol de milho.

O desgaste que o Brasil vem enfrentando no mundo por questões ambientais chega a atrapalhar a comercialização mundial da Coamo ou o mundo separa o sul do Brasil e MS dos demais estados do Brasil?

As duas questões estão corretas, pois essa situação impacta na comercialização da Coamo com o mercado externo e também separa o Sul do Brasil de outras regiões produtoras como o Centro-Oeste e o Norte do país. De qualquer forma, prejudica a imagem do Brasil no exterior como um todo, haja vista que quanto mais os consumidores estiverem distantes da nossa cadeia produtiva mais eles farão esta diferenciação.