Deral aponta piora generalizada nas condições do milho safrinha

Relatório desta semana do Departamento de Economia Rural (Deral), vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (SEAB), aponta uma piora generalizada nas condições das lavouras da segunda safra de milho 2020/21 na região de Campo Mourão. O mesmo acontece em áreas de todo o Estado.

Conforme o analista do Deral, Edmar Wardensk Gervásio, a piora é reflexo direto das geadas ocorridas na semana passada, que impactaram áreas em praticamente todo o Estado. “O relatório aponta que temos 287 mil hectares em boas condições, uma queda de 53% quando comparado à semana anterior”, destacou.

Já as áreas que apresentam condições medianas totalizaram 1,1 milhão, alta de 12%. Finalmente a área em condição ruim atingiu um milhão de hectares, alta de 27%. “Resumidamente, dos 2,46 milhões de hectares a colher, 88% têm condição ruim ou mediana. Neste cenário devemos ter uma redução significativa na produção esperada”, acrescentou Gervásio. O relatório com revisão de área e produção é divulgado sempre na última semana do mês. Em julho será no dia 29.

Na região de Campo Mourão, as fortes geadas ocorreram na terça e quarta-feira, dias 29 e 30 de junho, atingindo áreas de produção do milho safrinha, deixando prejuízos aos produtores. Áreas de pastagens e plantações de hortaliças também foram severamente prejudicadas. Na quinta-feira, dia 1º de julho, também geou em algumas áreas de baixadas.

Produtores ouvidos pela TRIBUNA relataram que a geada atingiu 100% de suas lavouras de milho. “A princípio perdeu quase tudo”, afirmou Vicente Mignoso, que acionou o seguro rural devido ao grande prejuízo. Em sua propriedade, o termômetro chegou a marcar -1ºC grau, em uma área coberta de um dos barracões. “Fazia muito tempo que não geava tão forte desta forma”, falou. Segundo ele, o fenômeno atingiu as lavouras de forma parelha.

Em praticamente toda área de ação da Coamo, desde Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, o milho foi atingido pelo fenômeno. O engenheiro agrônomo, Lucas Gouvea Vilela Sperandino, chefe do Departamento de Suporte Técnico da Coamo, informou na ocasião, que a geada atingiu o milho, sem uma maioria, no estágio de frutificação (73%) e que poderá prejudicar no aspecto de enchimento do grão, causando a perda de peso, o que refletirá na produtividade. As lavouras semeadas mais tardiamente foram as mais afetadas.

De acordo com levantamento da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, a área total de milho na Comcam é de 421.670 hectares. A produção inicial estimada é de 2.403.519 toneladas, mas depois das fortes geadas, deverá reduzir significativamente.

Na Comcam, historicamente, as perdas mais significativas do milho, com geadas, costumaram ocorrer nas cidades de Luiziana, Iretama, e Roncador, onde o plantio é concluído mais tardiamente em relação a outras cidades.

A pecuária leiteira e de corte também deverá ser prejudicada, já que a forte geada atingiu os campos de pastagens, que servem de alimentação para o gado. Na região de Iretama e Roncador, Municípios destaques nesse segmento, as geadas ‘queimaram’ pastagens inteiras. Somente o trigo se beneficiou com as geadas da última semana. As lavouras estão em pleno desenvolvimento vegetativo na região.