Em carta de manifesto, entidades defendem reabertura gradativa do comércio em CM

Oito entidades do Setor produtivo de Campo Mourão – Acicam; Sindicam; Codecam; Conjove; Carcecopar; CDL; Sindimetal; e Sindicato Rural -, divulgaram na manhã desta segunda-feira (13) uma carta de manifesto público contra decisão do município, de manter o comércio fechado por mais esta semana, em função da pandemia de Coronavírus (Covid-19). A decisão pelo fechamento foi tomada em conjunto entre a prefeitura, Comitê de Saúde e Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus. 

As entidades defendem a reabertura gradual e escalonada do comércio no município, com protocolos rígidos de segurança pelos empresários a fim de resguardar a saúde de seus colaboradores e clientes. O comércio local está fechado desde o dia 21 de março. Ou seja, já se aproxima de um mês sem funcionamento, comprometendo seriamente o equilíbrio financeiro de várias empresas, principalmente dos micros e pequenos empresários. A prefeitura sinalizou a reabertura gradual somente a partir do dia 20 deste mês.

O presidente da Associação Comercial e Industrial de Campo Mourão (Acicam), Alcir Rodrigues da Silva, disse que a situação está insustentável para os empresários. “Queremos uma reabertura gradativa e responsável de forma que não prejudique nem coloque em risco a saúde da população”, ressaltou. 

Ele disse que várias empresas estão fechando definitivamente as portas após as medidas de isolamento adotadas. Silva frisou ainda que a Acicam está fazendo um levantando de números de demissões nas empresas da cidade. “Em vez de isolamento entendemos que o momento é distanciamento para que as pessoas se previnam”, falou.  “As empresas fizeram sua parte, ficaram fechadas, tiveram sua vida financeira sacrificada e mesmo assim não adiantou. Então alguma coisa foi feita de forma errada”, emendou. 

Carta de Manifesto

No documento encaminhado à imprensa, as entidades esclarecem que desde o início da pandemia vêm adotando ações a fim de amenizar tanto impactos econômicos como de saúde e, que, atendendo a pedido da própria prefeitura, apresentam um plano de reabertura gradual do comércio e retomada das atividades econômicas no dia 1º deste mês, como forma de colaborar e agilizar a retomada das atividades. 

“Um dos maiores objetivos foi visar a preservação dos postos de trabalho e, por consequência, o sustento do trabalhador que, neste momento, vive a iminência de perder o emprego, assim como centenas de outros que já o perderam. Até o momento, não houve retorno do mesmo, sendo necessário destacar que nenhum dos representantes das entidades subscritoras foram convidados a compor definitivamente os conselhos e comitês da prefeitura que tratam acerca da gestão de crise do coronavírus”, diz a carta. 

De acordo com o documento, as entidades estão em constante negociação com parceiros para prover linhas de crédito a seus associados, bem como formas de garantir a retomada de suas atividades tentando dialogar com o poder público. “Vale lembrar que quando houve ciência da possibilidade do primeiro caso de Covid-19, antes mesmo da confirmação, as entidades apoiaram a prefeitura para o fechamento das empresas, assim como o isolamento social, como medida de proteção à população de Campo Mourão. No entanto, as medidas de isolamento social estão sendo desacreditadas pelas cenas recorrentes em nossa cidade”, destacam as entidades, que citaram como exemplo a aglomeração de pessoas do grupo de risco em determinados locais que não foram atingidos pelos decretos. “Portanto, fica evidente que a situação de risco não é causada pelo comércio local, onde há condições de atender sem causar aglomeração e dentro dos protocolos de segurança, de higiene e saúde”, justificam. 

Elas lembram ainda que ‘a maioria das cidades da Comcam permanece com os comércios abertos’, tornando descabida a permanência com o fechamento das lojas em Campo Mourão, ‘sendo ainda mais injusto com o empresário local’. “Lembrando que essas cidades utilizam Campo Mourão como referência na área da saúde”, destacam.  “O retorno imediato das atividades já não iria reverter os profundos impactos sofridos até aqui, mas ao menos daria ao setor produtivo a chance de lutar para amenizar os danos. Frisa-se que as entidades e seus dirigentes se preocupam muito com a saúde das pessoas. Todavia, não podem deixar de lado a situação de famílias inteiras que já viram seus sustentos comprometidos pelo fechamento das empresas, principalmente as pequenas e médias”, dizem.

No documento, as entidades pedem ainda que a prefeitura seja mais ‘esclarecedora’ sobre os motivos que a levaram a prorrogar o isolamento social, com dados técnicos e enfáticos, inclusive, informando qual é a real situação das unidades e equipamentos hospitalares. “As entidades requerem ainda que a prefeitura se posicione com olhar atento também ao equilíbrio da saúde humana em conjunto com a saúde econômica do município, pois a crise econômica também afeta e ameaça à vida de nossa população aumentando o índice de sofrimento e mortalidade em decorrência de fatores ligados diretamente a ela. Não se pode concordar que a definição do futuro dos negócios que movem a economia desta cidade seja tomada sem a presença de seus representantes legais, uma vez que, repita-se, os conselhos e comitês criados pela Prefeitura não contam com representantes da classe empresarial”, diz a carta aberta.