Em constante construção, Campo Mourão completa 73 anos neste sábado

O município de Campo Mourão completa 73 anos de emancipação político-administrativa neste sábado (10). Ao longo de sua trajetória Campo Mourão colecionou fatos, conquistou a ordem e atingiu uma importante colocação na economia do Paraná. Hoje, a cidade tem quase 100 mil habitantes, pessoas que lutam por dias melhores sem desanimar.

Campo Mourão é uma cidade em constante construção. Ela caminha para a modernidade sem perder os encantos de uma cidade do interior do Brasil. A cidade que conhecemos hoje é fruto do trabalho de todos, do envolvimento de cada cidadão, de cada trabalhador. É fruto de um sonho coletivo.

Antes mesmo da emancipação, os moradores se uniram e ergueram o prédio da escola, que ficava localizada na avenida Capitão Índio Bandeira com a rua Francisco Albuquerque. Após a emancipação, as instalações serviram para abrigar a Prefeitura e a Câmara de Vereadores.

Para o lançamento da pedra fundamental da Usina Mourão, em agosto de 1951, com a presença do governador Moysés Lupion, foi necessário à abertura de uma estrada. Assim que foi definida a data da visita do governador, no dia seguinte, todo cidadão útil de Campo Mourão, deveria estar na encruzilhada da estrada de Pitanga, com a fazenda Santa Maria, quem tinha carroça que a levasse e outros que não tivessem carroças, que levassem as ferramentas que pudessem e tivessem, no ponto indicado e assim, em três dias estava à estrada pronta até o salto.

Atualmente, a cidade dispõe de um belo quadro urbanístico, com modernas edificações, parques à disposição da população, boas universidades, investimento na área gastronômica e bons supermercados. Na saúde a Santa Casa, mesmo com poucos recursos, garante o atendimento para Campo Mourão e toda a região da Comcam.

Muita gente que mora em Campo Mourão não imagina, mas o município deve muito ao governador da província de São Paulo, Dom Luiz Antonio Botelho e Sócio Mourão. Ele foi o responsável por, entre 1769 e 1770, enviar uma expedição para a região do Rio Ivaí, na época chamado de Rio Dom Luiz. Setenta e cinco homens foram comandados pelo Capitão Estevão Ribeiro Baião e Francisco Lopes da Silva com a missão de descobrir e batizar as novas localidades.

Ao avistarem um enorme campo aberto, batizaram o local de Campos Mourão, posteriormente mudado para Campo do Mourão, e, mais tarde, simplificado para Campo Mourão, em homenagem ao governador de São Paulo. A história do município é dividida em três momentos: o descobrimento pela expedição de Dom Luiz, seguido pela chegada das primeiras famílias atraídas por informações de que a nova terra era próspera e a criação do município.

No livro Campo Mourão na espiral do tempo, a escritora Edina Simionato relata encontros de expedicionários com os índios que ocupavam a região. Em 1893 os expedicionários vindos de Guarapuava (PR), Norberto Marcondes, Guilherme de Paula Xavier e Jorge Walter chegaram à região com 120 homens, para se dedicarem à criação de gado. Eles também fizeram os primeiros contatos com duas tribos de índios, uma de chefe Gembre e a outra liderada por Capitão índio Bandeira, que, ao que consta, seria um mestiço.

Até a década de 1960 o município de Campo Mourão compreendia toda a Microrregião 12 e os municípios que hoje a integram eram seus distritos administrativos. Na década de 80, foram desmembrados dois dos seus últimos distritos administrativos: Luiziana e Farol do Oeste, ficando sobre sua tutela apenas o distrito de Piquirivaí.

Tem suas origens também em antigas estradas onde se passavam circos e lojas voadoras vindo de Mato Grosso e São Paulo com destino ao oeste do Paraná. A partir de então começou a receber migrantes gaúchos e catarinenses que vinham atraídos pela fertilidade da terra roxa e por problemas políticos na região, formando assim a base da sociedade mourãoense.

As famílias que chegaram no início do século passado e deram início a uma vila nos campos que serviam de ponto de descanso de vaqueiros que passavam tocando boiadas para negociar no Mato Grosso e de tropeiros que usavam o chamado Caminho de Peabiru em direção às Missões no Rio Grande do Sul, Paraguai, Uruguai e Argentina, ainda têm seus descendentes morando na cidade, como os Teodoro, os Custódio, Oliveira, Mendes, Paula Xavier e Marcondes.

Personagens decisivos para a criação de Campo Mourão

Há 70 anos, os paranaenses elegiam o empresário Moysés Lupion como governador. Quebrava-se um jejum de anos, sem eleições imposta pela ditadura Vargas. Em março daquele ano, a Assembleia Legislativa iniciava seus trabalhos para a elaboração da nova Constituição do Estado. Meses depois, em agosto, com a Carta Magna já promulgada, o deputado Lopes Munhoz reivindicava a criação de novos municípios, cujo dispositivo foi inserido na Constituição recém aprovada.

A notícia correu o Paraná. Em Campo Mourão, Francisco Albuquerque ouviu a novidade pelo rádio. Assim que terminou de ouvir, de imediato procurou o fazendeiro Pedro Viriato de Souza Filho, que tinha ligações políticas em Curitiba. Entusiasmados com a possibilidade da criação do município, Pedro Viriato viajou no dia seguinte para Curitiba.

Na Capital, conseguiu uma audiência com o governador. No Palácio São Francisco – hoje sede do majestoso Museu Paranaense – expôs a Moysés Lupion a necessidade da criação de mais um município no projeto que tramitava na Assembleia Legislativa.

Enquanto atenciosamente Lupion ouvia a explanação, um assessor palaciano interrompeu o diálogo e mencionou que naquele momento era impossível a criação do município de Campo Mourão. E foi mais adiante: Campo Mourão somente poderia virar município 15 anos depois. Pedro Viriato ficou furioso e desacatou o assessor na presença do governador.  nimos acirrados, o governador concordou com a criação do município, desde que Pedro Viriato fosse o prefeito. Ou seja, a cidade somente se tornou município graças a uma discussão e articulação política.

Outro detalhe que a história omite é que foi o deputado estadual Lacerda Werneck que defendeu a criação do município de Campo Mourão na Assembleia Legislativa. O projeto já estava tramitando e não previa a criação de outros municípios. Campo Mourão tem ainda uma dívida histórica com a memória deste parlamentar que articulou a sua criação.

O projeto de lei que criou o município de Campo Mourão foi aprovado com a emenda prevendo a criação da cidade. Enviado ao governador o projeto, tornou-se a Lei nº 2, sancionada em 11 de outubro de 1947.

Com informações de Jair Elias.