Histórias boas pra cachorro

Melhores amigos dos homens, os cães também são capazes de irritá-los, na mesma proporção. Mas não fazem por mal. Na verdade, tentam chamar a atenção. Uma espécie de cobrança. Do tipo: te dou carinho. Quero também. Em alguns casos, parece que existe uma pessoa encarnada no bicho. Fazem coisas que ninguém acredita. Outros têm o poder da destruição. Mas, em todas as situações, é notável a necessidade dessas criaturas na vida humana. Parece que um foi feito ao outro. Como arroz e feijão.  

Cães são capazes de tudo. Mas viciados em inseticidas, somente o Snoopy. Trata-se de uma criatura diferenciada. É um misto de Dachshund com o abrasileirado vira latas. E deu no que deu. Quando a família decide utilizar aqueles aerossóis para matar baratas, o bicho enlouquece. Faz de tudo para ficar por perto. Mas quando ele sai à rua, e não quer voltar, o jeito é imitar o barulho do spray. “Faço o barulho, imitando o aerossol. Ele corre igual um doido pra casa”, diz a dona, Paula Portugal. 

Snoopy também adora comer abelhas. Quando vê uma, não sossega até engoli-la. E toda vez que isso acontece, Paula descobre. Afinal, a criatura fica com a língua e a cara inchadas. “Sempre que acontece, temos que ir ao veterinário. Ele é terrível”, lembra. E, falando em veterinário, dias desses o bicho foi atropelado. O carro passou. Snoopy ficou. Foi atingido. 

Snoopy é viciado em inseticidas

Permaneceu deitadão no asfalto, imóvel, com as patas pra cima. Quando Paula o avistou, pensou já estar morto. Mesmo assim, o socorreu. Colocou no carro e vazou até uma clínica da cidade. Mesmo no veículo, ele continuava sem se mexer. “Eu pensei que seria uma ida em vão. Do jeito que ele estava, pensei que já tinha morrido”, confessou ela. Mas não. Quando já estava sobre a cama de atendimento, ainda imóvel e, com as patas pra cima, veio a descoberta. O animal nada tinha. Snoopy avançou sobre o veterinário. Numa determinação e vigor, jamais vistos. “Eu nunca senti tanta vergonha. Ele não tinha nada de errado. Queria só se aparecer”, lembra Paula, às gargalhadas.    

Em 2011, um simpático vira-latas de Mamborê, ficou conhecido em todo país depois que este repórter descobriu sua nova casa. Fiel ao seu humano, passou a morar no cemitério local após a morte do sujeito. Na época, o coveiro Sidinei Ramos, apelidou o cachorro de Rambo. Disse que o bicho passava horas ao lado do túmulo. Ainda ficava agressivo quando outros cães se aproximavam. “Por isso ele está todo machucado, de tanto brigar. Parece que ele defende o território dele”, explicou. O coveiro disse na época que, em oito anos de trabalhos fúnebres, foi a primeira vez que viu um cão morar no cemitério. 

Natal bom pra cachorro

Era véspera do Natal de 1995. Em Campo Mourão, a família Ferreira Lima esperava ansiosa a chegada de toda a turma. Uma oportunidade em reunir parentes e amigos. A matriarca Sallime, descendente de árabes, cozinhava como poucos. Gostava de fartura. Pediu ao marido para comprar o maior dos perus do mercado. E assim o fez. Trouxe um de quase dez quilos. 

No dia 24, logo de manhã, ela colocou o peru para assar. Com o cheiro que exalava aos quatro ventos, quem sofria era Tommy. Um misturado de Pastor Alemão e Collie. O bicho ficava preso no canil. Mas naquela tarde, estava alvoroçado como nunca antes. Sallime então desligou o forno. E colocou as carnes, incluindo o peru, sobre o fogão. E a família toda foi se arrumar. 

“Meu pai, Irineu, aproveitou para dar ração ao Tommy. Quando abriu o portão do canil, ele disparou à cozinha. Agarrou o peru, e saiu com ele arrastando pelo pátio”, lembra o filho, Wander. Foi uma correria. Ninguém foi capaz de tirar o peru da boca de Tommy. “Não sabíamos se riamos, se brigávamos com o cachorro, ou com meu pai”, lembrou ele. No final das contas, o cachorro comeu todo o peru, de dez quilos. Não o dividiu com ninguém. Enquanto a família, comeu um frango assado. De um quilo. Graças a criatura, a família teve a Ceia de Natal mais divertida de todas. Tommy morreu anos depois. Mas as lembranças, jamais se apagarão. 

De volta ao lar

Um dia a mãe de Eulene Aires chegou em casa com dois filhotes. A família morava em Curitiba. Eram dois vira latas. Um peludo e bonito. Outra desmilinguida e feia. Menos de um ano depois, o bonitão morreu. Ficou a cadela, denominada como “Boneca”. Quase 12 anos passaram e “Boneca” ficou velha. E mais feia ainda. A mãe, com medo de ver o bicho morrer ou sofrer, preferiu abandoná-la. “Fomos a um outro bairro, do outro lado da cidade. Quase 10 quilômetros de casa. E lá a cachorrinha ficou. Ficamos com dó. Mas éramos crianças. Não podíamos fazer nada. Só obedecer a nossa mãe”, disse. 

Passados dois meses, Eulene brincava em frente a casa. Era década de 90. Quando viu “Boneca” de volta ao lar. Era o retorno triunfal de uma excluída. Retornou com uma corda de varal amarrada ao pescoço. Estava suja. Mas feliz por chegar aonde, jamais deveria ter sido “expulsa”. “Minha emoção foi muito grande. Até hoje não sei como ela voltou para casa”, disse. A mãe também se emocionou. Na verdade, bateu o arrependimento. “Minha mãe mudou seu pensamento. Continua com outros cachorros até hoje”. Depois de retornar, “Boneca” continuou mais dois anos com a família. Até morrer de velhice. Mas foi dessa pra   melhor em grande estilo. Após a sua volta, nunca foi tão bem tratada.

Comedor de bancos

Pedro Celso era um Labrador branco. Chegou ainda pequeno à casa de Rodrigo – ele preferiu não ter o sobrenome divulgado. Cão extremamente dócil e companheiro, ainda escondia a que veio. Cresceu. Acabou com tudo. Conta Rodrigo que tinha uma moto cara. Uma Shadow. Certo dia foi trabalhar. A motocicleta ficou na garagem, junto a Pedro. Quando retornou pra casa, no final do dia, não existia mais o assento da motoca. A criatura havia o devorado. 

A moto foi ao conserto. Banco novo, cuidados maiores. Não existia bandido. Existia o Pedro. Foi então que Rodrigo colocou molho de pimenta no banco. “Tinha certeza que, se colocasse a boca ali, desistiria de comê-lo novamente”, disse. Mas isso não aconteceu. O bicho comeu o assento, pela segunda vez, com prazer. Desta vez, até sabor tinha. Sem ter o que fazer, Rodrigo prendeu o cão agora, dentro de sua Kombi. E o deixou lá. Quando retornou pra casa, a perua não tinha mais nenhum banco. Todos foram estraçalhados. 

Agora, sem assento na moto e, na Kombi, ele não pensou duas vezes. Deu o “amigo” a um conhecido. Até se arrependeu. A saudade apertou. Mas continuou visitando Pedro por algum tempo. “Ele morreu com a idade. Mas parecia que era possuído. Tinha um trem dentro dele”, diz. Fora os bancos, Pedro comeu móveis, plantas, terra, vasos, vassouras. Tudo o que não se mexia. Mesmo acabando com tudo, Pedro Celso jamais será esquecido por Rodrigo. 

Nina, a hiperativa

Nina não era ninguém até setembro do último ano. Pelo menos até adentrar uma das salas do Caique. É lá onde trabalha Mariane Beltrão. Com pena da pequena cadelinha, a levou pra casa. Trata-se de uma linda vira latas. Até lembra uma Schnauzer. Mas não é. Lá, permaneceu por alguns dias. Mas, misteriosamente, um dia sumiu. E surgiu na casa da mãe de Mariane, a poucos metros dali. Desde então, enturmada com os outros cães da residência, nunca mais saiu. 

Se sentindo alguém, tomou a liderança. E hoje, é a responsável por toda a destruição e baderna da casa. Com um brinquedo de borracha, que faz barulho, não para de mordê-lo. Chega ser insuportável. E, quando ninguém está no imóvel, destrói tudo. Travesseiros e almofadas são o principal alvo. “Todo dia ela apronta uma. Ela é terrível”, diz Mariane.

Nina, hiperativa, destrói tudo o que vê

De uma certa forma, não fosse o comportamento brincalhão ou destrutivo dos cães, eles não teriam graça. São companheiros. Amigos. Colaboram com seus humanos. Atuam na polícia. São guia para cegos. Estão em toda parte. O mundo não é mundo sem eles. E pensar que tem gente que morrerá sem saber o que é ter um cãozinho. Sem saber o tamanho da amizade com um canino. Se você não tem amigos, adote um cão. E seja mais feliz. 

A importância dos cães:

1 – Eles compreendem a dor humana

2 – Auxiliam o trabalho de policiais 

3 – São capazes de reduzir o stress do trabalho

4 – Te ajudam a manter a forma física

5 – Ajudam o ser humano a ser mais sociável

6 – São companhia aos idosos

7 – Auxiliam no combate a depressão

8 – Confortam crianças com autismo

9 – Atuam como guias à cegos