Mabel tinha o sonho em voltar a Campo Mourão

No dia 13 de janeiro deste ano, em entrevista à TRIBUNA, Mabel Calzolari revelou ter o desejo em retornar a Campo Mourão e visitar familiares e amigos. Ela falou sobre ficar bem e ser vacinada antes (Covid). Ainda hospitalizada, mandou áudios durante dois dias. Embora debilitada, mantinha firmeza na voz. Um timbre forte e suave ao mesmo tempo. “Tô doida pra ir pra Campo Mourão. Vai ser bem legal”, disse.

Dias depois, após a reportagem ser publicada, o link da matéria foi enviado a Mabel. No entanto, ela não conseguiu ver. Já estava numa outra cirurgia. Silvinha, a mãe, respondeu dizendo que ela se recuperava ainda. E depois, mostraria o site do jornal. Somente no dia 18 a atriz respondeu. “A matéria ficou demais. Estou bem. Me recuperando”, disse.

Na ocasião, explicou que tinha passado por uma cirurgia de desobstrução medular. E que havia sido uma operação diferente das outras, já que agora, foi necessário inserir um cateter, evitando a compressão da medula. Mesmo consciente da gravidade da doença, Mabel jamais demonstrou fraquezas. Ao contrário. Buscava pregar o otimismo, e uma esperança sem fim. De dezembro até a última semana, ela passou por nove cirurgias.

A luta contra a aracnoidite durou mais de um ano. Maria Belén Calzolari morreu esta semana, aos 21 anos. A menina meiga, de sorriso verdadeiro, sempre pretendeu ser atriz. Desde criança, a arte já corria nas veias. E o tempo, ditou os caminhos. Com muito esforço, chegou a Globo. Mas teve no caminho, uma doença que determinou o fim da jornada.

Hoje, o corpo da atriz foi cremado no Rio de Janeiro, numa cerimônia bastante discreta, apenas com familiares. Antes, a família decidiu pela doação dos órgãos. Se tudo der certo, dez vidas serão salvas. Comovidos pela morte de Mabel, famosos colaboraram com os custos do ritual, entre eles a apresentadora Tatá Werneck.