Mesmo com preços elevados, materiais de construção estão em falta em Campo Mourão

O ramo da construção civil vive um momento conturbado: como o setor teve um aquecimento durante a pandemia da Covid-19, os preços de alguns produtos, como ferragens e tijolos, foram parar “nas alturas”. Além de pagar muito mais caro, quem está construindo ainda tem que esperar mais tempo para e entrega. Isso quando encontra o produto.

David de Mello, gerente de uma loja do ramo de ferragens e cimento de Campo Mourão, disse que no fim de setembro a ferragem subiu 72 por cento. “Até o fim do mês vai subir mais 8 por cento”, avisa. Segundo ele, mesmo assim está difícil encontrar o produto para comprar. “Ainda temos estoque, mas tem lojas estão vindo pegar da gente para atender os clientes”, comenta.

Não é diferente com o cimento, que em agosto era vendido na loja a R$ 21,50 e agora já custa R$ 29,00. “Chegava de 3 a 4 carretas de cimento pra gente por semana. Agora para conseguirmos uma temos que praticamente implorar para o fornecedor”, revela David. Pregos e arame, também tiveram aumento na mesma proporção.

O proprietário de uma loja de materiais de construção, Tiago Maia Lima, disse que o milheiro de tijolos, que até agosto era custava R$ 420,00 agora é vendido a R$ 720,00. “Só temos aqui porque meu fornecedor me atende há 20 anos. Mas está faltando tijolo em vários estabelecimentos”, informou. 

A indústria de pisos também teve aumento, especialmente nos produtos mais populares. “Tem indústria parada por falta de matéria-prima, como no ramo de PVC e fechaduras, por exemplo”, comenta Tiago. “Temos procurado equilibrar os preços, mas se a gente não ficar atento leva prejuízo”, completou.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a alta nos preços de materiais de construção vem sendo sentida desde o começo da pandemia, mas acelerou-se a partir de agosto, mês em que o cimento subiu 5,42% e o tijolo, 9,32%. 

O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), José Carlos Martins, explicou que a alta dos preços é fruto de uma série de fatores. Ele afirmou que, no início da pandemia, a produção nacional de materiais de construção caiu, devido ao choque econômico causado pelo Coronavírus. Porém, a construção foi um dos poucos setores que continuaram funcionando na quarentena e, por isso, a demanda não caiu. 

A venda de materiais ainda aumentou depois que muitos brasileiros decidiram adaptar a casa ao novo momento de isolamento social e home office e, sobretudo, depois que o auxílio emergencial permitiu que milhões de pessoas de baixa renda também fizessem pequenos reparos em casa. “Com isso, começou a faltar material em todo o país. E a baixa oferta pressionou os preços”, disse Martins.