Natália morreu. Mas deixou o sorriso

Morreu na manhã desta quinta-feira, aos 81 anos, Natália Metchko Salvadori. Ela havia sido internada por problemas pulmonares há duas semanas. Não resistiu. Pioneira mourãoense, de tradicional família da cidade, vinha sofrendo já, há quase um mês, desde a morte do filho, Paulo Henrique Salvadori. Em 13 de fevereiro o produtor rural morreu carbonizado após um acidente numa rodovia de Roraima. “Minha mãe não aguentou de saudades do meu irmão”, disse a filha Paula.

Casada atualmente com José Borges Jansen, Natália teve apenas dois filhos, Paulo e Paula. Era viúva de Quinto Salvadori que morreu ainda jovem, vítima de acidente aéreo. Com o tempo casou novamente. Mas acabou se separando. Como um presente da vida, conheceu e se apaixonou por José. E se casou de novo. Paula e Paulo o consideravam como um verdadeiro pai.

A família informou que 15 dias após a morte de Paulo, Natália adoeceu, sendo hospitalizada e, consequentemente, intubada. Mulher forte, ela jamais havia sido internada. “Eu e meu pai já sabíamos que ela não ia aguentar sem meu irmão”, disse Paula. Natália era filha de Teodoro Metchko. Um dos primeiros, senão o primeiro engenheiro civil de Campo Mourão. Vindo da Ucrânia, também estabeleceu raízes nas terras empoeiradas dos vermelhos mourões.

A mulher de “cara brava”, na verdade, não tinha nada de brava. Ao contrário. Sempre alegre, brincava o tempo todo. Era uma sarrista por natureza. Dificilmente algum problema tirava o seu sorriso. Era bastante extrovertida. E passava às noites em frente a TV, principalmente assistindo as novelas do SBT.

Pelo jeito brincalhona acabou sendo apontada como a “tia querida” dos sobrinhos mais velhos. Mas ainda menina, adotou um hábito não recomendado. Natália fumava demais. E a família sabia que um dia, seria cobrada. Mesmo sem nunca ter frequentado um só hospital, ele veio agora. Foi o primeiro e o último.

A família já imaginava que Natália não absorveria a morte do filho. A bem da verdade, qual a mãe aceitaria? Possivelmente, a angústia foi tanta que o organismo se aproveitou. A levando pra sempre. E mesmo não mais aqui, a morte não conseguiu levar tudo. Ficaram as boas lembranças. Permanece o seu sorriso.

O sepultamento aconteceu nesta sexta-feira (17), no cemitério do Prever.