Núcleo Regional de Educação recorre à igreja na busca ativa a alunos

 A chefe do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Campo Mourão, Ivete Keiko Sakuno Carlos esteve reunida nesta semana com o bispo diocesano, dom Bruno Versari para pedir apoio da Igreja Católica na busca ativa dos alunos, durante o período de pandemia do novo coronavírus.

Sem aulas na rede estadual desde o final do mês de março, as escolas estão tendo dificuldades para comunicar os estudantes de que eles devem procurar os estabelecimentos de ensinos para obterem atividades, as quais deverão ser feitas em casa.

“Buscamos a parceria da Igreja para que nos ajude na busca ativa dos alunos. Fomos muito bem recebidos e o bispo colocou-se à disposição para passar aos padres de sua jurisdição, orientação no sentido de que nas celebrações presenciais e online, os alunos sejam convidados a procurarem a escola para a realização de atividades remotas, como também, alertar aos pais quanto a importância no acompanhamento. Sua sensibilidade e preocupação com a Educação é muito importante”, disse Ivete.

Na última semana, o promotor de justiça Luciano Matheus Rahal, da Promotoria da Educação de Campo Mourão, encaminhou nota pública aos veículos de comunicação, escolas e órgãos ligados à Educação onde manifesta preocupação com a situação de alguns alunos em relação ao sistema de ensino não presencial adotado por conta da pandemia de Coronavírus. A principal preocupação é com a não adesão de alunos que possuíam frequência no regime presencial à nova proposta pedagógica baseada no ensino à distância.

Na nota, o promotor alerta sobre a obrigatoriedade da participação nas aulas, ao lembrar que os alunos não estão de férias nem de recesso. “Em nosso município, milhares de estudantes encontram-se sem aula presencial e, na tentativa de minorar os prejuízos pedagógicos aos alunos, optou-se por oferecer atividades pedagógicas não presenciais”, observa o promotor.

Ao relatar sobre o novo sistema implantado pelo poder público para oferecer as aulas, o promotor afirma que alguns problemas vêm sendo identificados. “Há alunos que possuem acesso aos meios tecnológicos necessários, porém não participam das aulas não presenciais e não realizam qualquer atividade. E há alunos que não realizam as atividades e a escola não consegue contato com a família para verificar possíveis dificuldades, pela falta de atualização dos contatos informados pelos pais, e os pais não procuram a escola para obter estas informações”, enfatiza.

Ele alerta que os alunos nestas situações estão em condição de “evasão escolar” que pode, caso não revertida, levar à retenção por falta (reprovação) ou a caracterização do crime previsto no artigo 246 do Código Penal (abandono intelectual), com pena de 15 dias a 1 mês de detenção, ou multa, aos pais ou responsáveis. “Os alunos não encontram-se em período de recesso escolar e a direção dos colégios deve estar à disposição para solucionar quaisquer dificuldades que possam advir destas atividades não presenciais. Os pais e responsáveis devem cobrar e fiscalizar a adesão e participação das crianças às atividades não presenciais”, acrescenta a nota. Outro alerta do promotor é que será impossível a reposição presencial das aulas em razão do longo período de suspensão, acarretando a perda de um ano letivo.

Sem previsão de retorno

Por causa da pandemia de Covid-19, não há previsão de retorno às aulas presenciais. Para não prejudicar ainda mais o ano letivo dos estudantes, a Secretaria Estadual de Educação implementou o sistema de aulas à distância nas escolas públicas do Paraná. A principal justificativa da Seed é evitar que quase um milhão de alunos fiquem com o ano letivo comprometido.

As aulas remotas têm presença computada com base na entrega de atividades pelos estudantes e são computadas pela internet. Para não prejudicar nenhum aluno, a secretaria orientou os professores que a frequência não deverá ser fator de reprovação.

Desde o primeiro dia da implementação, muitos alunos reclamaram do sistema. Entre os principais problemas relatados, estão as dificuldades de encontrar o canal correto na TV e de acessar os conteúdos no aplicativo Aula Paraná.

Acesso ao sistema

Estudantes que não têm acesso ao sistema online poderão entregar as atividades em papel nos seus colégios, a cada 15 dias, nos mesmos dias de entrega dos kits com alimentos da merenda. Alunos que não têm acesso nem à tevê nem à internet poderão retirar as atividades propostas na escola, também a cada 15 dias, no dia da distribuição dos kits da merenda.