Rose, Fátima, 56 gatos, 11 cães e um amor incondicional

Fátima e Rose vivem um relacionamento há 26 anos. Moravam em Araucária, região Metropolitana de Curitiba. Mas há nove anos, deixaram o frio para encarar o calor das terras vermelhas de Campo Mourão. E mais que amor, encontraram algo a mais entre elas: a paixão e a compaixão pelos animais. Hoje, morando numa chácara, mantém 56 gatos e 11 cães. Cada um com seu próprio nome. E todos rodeados com muito carinho e atenção. Há anos, as duas vivem em função deles. Só deles. Nada mais. E deixam de melhorar o próprio conforto para gastar a grana de seus salários, somente com eles. Veja como ajudar no final da matéria.

O amor pelos bichos já veio de Araucária. Na época, recolhiam gatos abandonados, maltratados, doentes, todos largados à mercê das ruas. E, por conta de suas decisões, optaram em morar numa chácara, distante de vizinhos intolerantes. “Nós sempre fomos apaixonadas pelos animais. Nunca aceitamos a ideia de vê-los nas ruas, sem o carinho de alguém”, disse Fátima.

Em 2015, decididas pelo calor, deixaram tudo e vieram a Campo Mourão. Chegaram com uma mão na frente, outra atrás, acompanhadas ainda por 22 gatos e 10 cachorros. Antes de virem, procuraram uma chácara. E encontraram um lugar perfeito para colocar os gatos em segurança. A propriedade é murada e com um espaço confortável.

Com o tempo, o local passou a abrigar mais animais. Todos vítimas do abandono. Elas não cuidam por grana. Mas apenas por compaixão. São uma espécie de voluntárias da causa animal. Não possuem ONG, associação ou qualquer outra coisa. Não recebem verbas. Todo o custeio dos bichos acontece pelos próprios bolsos. E, para elas, isso é um prazer. Embora, por vezes, as contas não fecham.

Fátima hoje trabalha como vigia na Santa Casa de Campo Mourão. Rose é concursada na prefeitura. Juntando os dois salários, quase nada sobra. Tudo é voltado às rações específicas aos gatos e, outras mais comuns, aos cães. Além disso, ainda gastam com remédios, vacinas e internações dos animais. “Aqui, precisávamos de uma ajuda voluntária de um veterinário. Tudo é muito caro”, disse Rose.

Ela conta que, ainda, parte da população não aceita abrigos como o delas. Em Araucária, há dez anos, vizinhos jogaram veneno em seu quintal, por duas vezes, eliminando quase 30 animais. “Em Campo Mourão não temos esse problema. O que temos aqui é a falta de respeito de parte da população que insiste em soltar foguetes, principalmente, no fim do ano”, disse. Por este motivo, há quatro anos, um cão abrigado morreu do coração, após um dos foguetes estourar no quintal delas.

Na chácara tudo gira em função dos animais. São três gatis, cada um com a sua “gataria”. E eles não se misturam. O carinho com eles é tão grande que as duas acabaram cedendo espaço onde dormem para os “felinos”. Assim, conseguem dar atenção àqueles que precisam ficar dentro de casa. “Todos querem dormir na cama com a gente. Então dividimos. Hoje uma parte vai com a Rose e a outra fica comigo”, explicou Fátima.

Rose tem dificuldades para andar. Vítima de Poliomielite, com um ano e meio de idade, usa o apoio da muleta. Mas isso não a impede de fazer nada. Muito menos, criar os bichos. “Um dia cheguei e a peguei caída no quintal. Quando vi, uma cadela nossa estava a ajudando a se levantar. É incrível como eles sabem das nossas fraquezas”, enfatizou Fátima, que mantém cinco pinos na coluna.

Rose e Fátima são duas mulheres que optaram por ter uma vida diferente. Além da rotina diária com seus empregos, tiveram seus destinos voltados à causa animal. Elas lutam sozinhas. Mas agora, necessitam de ajuda.

“Se hoje perguntarem qual seria nosso desejo, seria que as pessoas se conscientizassem que os animais também sentem fome, sede, medo, frio e também solidão. Que não os abandonassem. Pra nós nunca foi difícil cuidar desses animais. O que pesa hoje são os gastos do dia a dia. Se cada um cuidasse de pelo menos um animal e o esterilizasse, hoje não teriam tantos abandonados e sentindo falta de um lar”, resumiu Rose.

Mas agora, a decisão é cessar a chegada de novos “amigos”. É que a brincadeira está ficando cada vez mais cara e difícil. Elas precisam de ajuda. Por semana são 60 kg de ração. Tem gatos que precisam fazer visitas ao veterinário com certa frequência, mas em geral a grande maioria está bem de saúde: gordinhos, com pelos brilhosos e felizes. Para isso acontecer, grana foi investida. A pouca grana de seus empregos.

Serviço

Você pode colaborar com Fátima e Rose doando rações. E se você é um veterinário, também: (44) 99823-0313