“Vamos acompanhar a investigação”, diz presidente da Câmara sobre prisão de vereador

O presidente da Câmara de Vereadores de Campo Mourão, Jadir Soares Pepita (Cidadania), comentou à TRIBUNA, sobre a Operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e Polícia Militar, que culminou com a prisão do vereador Sidney Ronaldo Ribeiro (PSD), mais conhecido como Tucano, na manhã desta quarta-feira (14). Pepita disse que o Legislativo acompanhará a investigação. E se forem comprovadas as acusações contra o parlamentar, medidas serão tomadas por parte da Câmara.

“Fiquei sabendo hoje cedo da operação. Como presidente da Câmara, eu e o nosso jurídico fomos convidados a acompanharmos a busca de apreensão no gabinete do vereador. Ainda é muito cedo para se falar em cassação de mandato. Vamos esperar que rumos tomarão as investigações. O vereador está sendo acusado no momento. Ele apresentará o contraditório. Se for inocente acredito que provará isso”, falou o presidente.

Pepita esclareceu também que a investigação do Gaeco, não tem qualquer relação com o Poder Legislativo de Campo Mourão. “Apenas o vereador está sendo investigado. Precisamos deixar isso bem claro para que injustiça não seja cometida com o Poder Legislativo de Campo Mourão”, ressaltou.

A operação

Tucano foi preso no âmbito da Operação Força e Honra, desencadeada pelo Gaeco em conjunto com a Polícia Militar. As prisões tiveram como alvo 14 policiais rodoviários estaduais e o vereador que é empresário.

A ação cumpriu ao todo 15 mandados de prisão preventiva, 54 mandados de busca e apreensão e 27 medidas cautelares de suspensão do exercício da função. Os mandados de busca e apreensão envolvem também residências de 36 militares, quatro estabelecimentos de policiamento rodoviário estadual (uma Companhia em Maringá e os Postos Rodoviários de Iporã, Cruzeiro do Oeste e Cianorte), seis residências de empresários e oito empresas.

São cumpridos nos municípios de Maringá, Cruzeiro do Oeste, Umuarama, Goioerê, Campo Mourão, Paranavaí, Maria Helena, Doutor Camargo, Mandaguari, Tamboara, Nova Esperança, Uniflor, Jussara, Mandaguaçu, Marialva, Guaíra, Cianorte e Iporã.

As investigações, feitas pela Corregedoria da Polícia Militar em conjunto com o núcleo de Umuarama do Grupo Especializado na Proteção do Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa (Gepatria) e o núcleo do Gaeco em Cascavel, foram iniciadas em agosto de 2020 e apuram os crimes de concussão, corrupção passiva, peculato, prevaricação, falsidade ideológica, lavagem de ativos e eventual receptação realizados por organização criminosa. Levantamento preliminar demonstrou incompatibilidade do patrimônio dos policiais – que chega a R$ 6 milhões – com seus rendimentos lícitos.

É investigado principalmente o possível recebimento sistemático de “propinas” por parte de policiais rodoviários estaduais para permitir a passagem de veículos transportando mercadorias de origem estrangeira sem o devido pagamento de tributos (descaminho) e, em outros casos, para facilitação do tráfico de drogas.

Eventualmente, os policiais investigados liberariam infratores que não acertavam o pagamento de propina depois de ficar com parte dos produtos, revendidos depois para empresas especializadas em comércios de equipamentos eletrônicos e outras.

De acordo com as investigações, em muitas situações, os boletins de ocorrência eram registrados de modo genérico para facilitar a apropriação das mercadorias apreendidas. Está sendo investigado também o possível favorecimento na indicação de policiais para trabalhar nos postos de fiscalização, em troca de repasse de propinas.

O cumprimento dos mandados de busca e apreensão objetiva o recolhimento de distintivos, armas, coletes balísticos, cédulas funcionais, documentos diversos, equipamentos eletrônicos, aparelhos celulares, valores em espécie e veículos. Todos os mandados foram expedidos pelo Juízo da Vara da Auditoria da Justiça Militar e pelo Juízo da 2ª Vara Judicial de Cruzeiro do Oeste.