Censura: TRIBUNA, a “mosca” no alvo

Os regimes que reprimem a liberdade da palavra, por se incomodarem com a verdade que ela difunde, fazem como as crianças que fecham os olhos para não serem vistas.

Ludwig Borne

Jornal resiste a tentativa de censura, manchete desta Tribuna, sexta passada, noticia a presença de um servidor público municipal do setor de fiscalização, que esteve na empresa para proibir o funcionamento do Jornal.  A alegação para impedir a circulação da Tribuna seria o barulho do parque gráfico. Desobedecer foi a reação imediata da Tribuna.

Censura é também silenciar. O verdadeiro barulho insuportável provocado pela Tribuna não é o das máquinas impressoras. Na verdade é ensurdecedor o conteúdo dos fatos noticiados que envolvem a Prefeitura de Campo Mourão.

A  última edição ainda tem outra manchete: Justificando ‘grave risco’ Ministério Público quer bloqueio de R$ 1 milhão com ‘máxima urgência’, sobre a medida cautelar em relação aos bens da prefeita Regina e dois secretários de confiança dela, Garcia e Ikeda.

A Tribuna do Interior se tornou alvo do poder público local. Pela coercitividade o Jornal é a mosca a ser atingida, para calar e sepultar a liberdade de expressão. Tem um ditado dos  profissionais da área ao responderem se a imprensa é o quarto poder, (somado aos demais, legislativo, executivo e judiciário). Outro aforismo deles, a imprensa é a mosca no minguau dos outros poderes.

A truculência reflete o elevado grau de desespero dos ocupantes do poder municipal, que deveriam primeiramente se manifestar respondendo às acusações que lhes são endereçadas.  Fugindo do mérito, almejam coagir, intimidar, causar pânico empregando meios que não se coadunam com a liberdade individual e coletiva.

Registrar acontecimentos pela narração dos fatos pautam a cobertura jornalística, a Tribuna nem precisa, ainda, expressar opinião dela. Os escândalos evidenciam uma sucessão de acusações que põem em dúvida a reputação dos chamados agentes públicos.

A Tribuna inventou? Ela criou e espalha boatos? A fonte de informação, para mencionar apenas dois exemplos, é o Ministério Público e o Gaeco – Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado. Ambos com atuação voltada para a apuração dos fatos e a proposição de sanções a serem julgadas pela Justiça. A prefeita tem todo o direito de se manifestar, aliás, ela não pode negligenciar, esquivar de responder a todos os fatos.

É preocupante a açodada e nefrálgica tentativa quando foi violado o amplo direito de defesa, inclusive administrativa, por meio, por exemplo, de notificação. O Jornal nem poderia naquele momento se defender, ante à vazia suposição da dita reclamação, posto que não foi entregue algum documento para que a empresa fosse de fato notificada e tivesse ciência.

É impostergável e irretorquível sobretudo enfatizar a defesa da liberdade de imprensa, a atuação dos jornalistas sem qualquer embargo à profissão, pois, caso contrário, não é a Tribuna, não é o jornalista os atingidos, mas sim o direito à informação e da opinião. O jornalista Medeiros de Abreu apontou: Infringem a ética: o juiz que não julga/o promotor que não denuncia, o advogado que não defende, o jornalista que não noticia o que sabe ou não escreve o que pensa.

É oportuno salientar, não importa qual seja o veículo de comunicação nem mesmo o conteúdo ou linha editorial, toda intenção, iniciativa ou ato praticado que violem tal preceito constitucional, caberá a sociedade repelir veementemente.

O texto desta Coluna hoje era para ser outro, já alinhavado e com o título A farsa do suicídio, uma coincidência que não poderia ficar sem observação, já que trataria dos 40 anos da morte do jornalista Vladmir Herzog, que ficará – espero – para o próximo domingo. Preso, torturado e morto pelo regime militar que não se limitava a imposição hedionda da censura, não titubeou em prender, perseguir, torturar e banir, como o que fez ao jornalista, assassinado.

Fases de Fazer Frases

A defesa da liberdade pode exigir arrastar correntes.

Olhos, Vistos do Cotidiano

Quem não apura os fatos, se apura por causa deles.

Reminiscências em Preto e Branco

O único fechamento que todo veículo de comunicação deve fazer é o da edição.