O de Berlim e nossos muros
“Façamos da interrupção um caminho novo. Da queda um passo de dança,
do medo uma escada, do sonho uma ponte, da procura um encontro!
Fernando Sabino
O muro de Berlim começou a ser construído em 1961. Um dos maiores símbolos da Guerra Fria. Dividiu a cidade, criou duas Alemanhas. Antes de iniciada a construção não era mais possível alguém cruzar de um lado a outro. Famílias, sentimentos ficaram dilacerados abruptamente.
O muro foi derrubado ou caiu?
Como a queda ou a tomada da Bastilha na Revolução Francesa, não são meras reflexões semânticas ou considerações históricas, tampouco narrativa para ser aceita ou negada.
O muro foi derrubado, quando ainda previa-se passar por uma transição diplomática, o controle das pessoas que admissivelmente poderiam passar de uma para a outra Alemanha.
Imagens existem e são sobejas, neste sábado a completar 30 anos: O muro foi derrubado, pessoas organizaram passeatas, foram nas imensas e lúgubres guaritas, e, antes, com diversas ferramentas puseram o muro no chão.
O muro não foi obra do acaso erguê-lo, como não foi casual demoli-lo.
Lições históricas que no presente não refletimos como advertência. As duas Coreias estão aí, irrefutável estupidez.
E nossos muros?
Símbolos de todos os tipos, muros levantados que mantemos a segregar pessoas, grupos, convicções políticas, religiosas, étnicas, sociais, notadamente anticivilizatórias. Na relação indivíduo e sociedade, bem mais além de dividir, cortam profundamente o quanto poderíamos ser melhores do que nem chegamos a ser, humanos, respeitar livremente a liberdade do outro, de todos.
Queda? Derrubada? Se somos ou não responsáveis por tantos muros entre nós, nós mesmos poderemos – devemos – ter iniciativa para derrubá-los se quisermos ser livres. Porém, se esperançosamente, preferirmos aguardar pacientemente a queda deles, estaremos sujeitos a comodidade, quem sabe bem mais do que 30 anos.
Fases de Fazer Frases (I)
Nunca perde a calma aquele que nunca a teve?
Fases de Fazer Frases (II)
Sobram viventes.
Assombram sobreviventes.
Soçobram só aqueles que obram?
Sobre o que sobra, a obra.
Olhos, Vistos do Cotidiano
Palavras com sons muito parecidos: Muro e Murro. Palavras, entendê-las e estendê-las.
Duas Alemanhas, – tema que abre a Coluna hoje – muro construído pelo murro. Muro derrubado no murro. O que não veio abaixo e que até não chega a nos dividir, é a idolatria por ditadores que tem a ânsia de dominar pela força bruta o mundo, ter para si pessoas donas, adonadas e danadas pelos tais obsessivos pelo poder absoluto de todos e de tudo.
Caixa Pós-Tal
O jornalista Sid Sauer Walter disse: “Só uma ‘correção’ , ambos éramos meninos…”. O multimídia foi alvo de reportagem da Tribuna e fiz o comentário quando ele justamente trabalhou neste Jornal, daí nasceu a amizade com o ainda mais conhecido homem do Boca Santa.
Aqui, como principalmente pelos demais da Academia Mourãoense de Letras, ele foi efusivamente parabenizado por estar também na tevê e na radiodifusão.
Farpa e Ferpa
Explicar que é paciência exige calma. Compreender, mais ainda.
Reminiscência em Preto e Branco (I)
Falar e passado. Não sei se sou eu quem tenta falar com o passado ou ele comigo.
Diálogo?
Dia, logo? Logo não terei mais dia a ver. Sim dia em haver. Será quando o passado, mais do que tomar conta de mim, me levará. Se ainda tiver diálogo, o silêncio passará a ser presente.
Reminiscências em Preto e Branco (II)
Muro de Berlim, o guarda na guarda da guarita desceu ou caiu do muro.
Foi guarido ou deu guarida.
Guardado pela história, 30 anos, carece saber, basta ruinar ou transpor o muro.
José Eugênio Maciel | [email protected]