Jhonatan: uma vida restaurada pelo Abrigo A Mão Cooperadora

Quem conhece hoje o jovem Jhonatan Aparecido de Oliveira, 21 anos, morador do Conjunto Cohapar em Campo Mourão, não imagina que até novembro do ano passado ele morava no Abrigo A Mão Cooperadora. O local acolhe meninos entre 12 e 17 anos em situação de vulnerabilidade social, geralmente encaminhados pelo Conselho Tutelar ou pelo Poder Judiciário.

O Jhonatan educado, de fala tranquila, trabalhador responsável e bem encaminhado que recebeu na casa dele a reportagem da TRIBUNA, é bem diferente do Jhonatan que há pouco mais de três anos procurou o Abrigo depois de ter dormido até na rua.

Se não fosse a Mão Cooperadora eu certamente estaria morando na rua. É um lugar muito abençoado onde aprendi fundamentos da vida. Quando entrei lá não levava nada a sério, era uma pessoa muito difícil de lidar, mas eles souberam trabalhar esse lado meu. E o mais importante foi o trabalho espiritual que me fez conhecer Jesus, relata Jhonatan, que trabalha no setor administrativo de uma empresa, para onde foi encaminhado pelo próprio Abrigo.

Jhonatan nasceu em Barbosa Ferraz mas em razão da separação dos pais, muito cedo teve que morar com os avós. Minha mãe me abandonou com quatro meses de idade e foi embora para São Paulo. Meu pai trabalhava no corte de cana e não podia cuidar de mim, por isso fui morar com minha avó, relata. Aos 17 anos veio para Campo Mourão morar o pai e a madrasta. Só que minha madrasta não me aceitava, até porque eu era mesmo uma pessoa difícil de lidar e ainda bebia, conta. 

A vida difícil e uma série de acontecimentos foi afastando Jhonatan da família até perder o contato. Meus pais ainda são vivos, mas não temos mais contato, revela. Sem condições de continuar morando com o pai e a madrasta, ele procurou o Conselho Tutelar e as conselheiras indicaram o Abrigo A Mão Cooperadora. Eu não sabia como era, achei que era uma cadeia, mas como estava sem perspectivas, aceitei morar lá, acrescenta.

No Abrigo, ele recebeu assistência e diz que foram três anos de experiências maravilhosas. Claro que o carinho de um pai, de uma mãe, não tem preço. Mas os monitores são como pais para os meninos, testemunha. Ele admite que por muitas vezes teve vontade de ir embora e também presenciou situações difíceis. Vi mãe que foi levar o filho porque não queria mais nem vê-lo. Teve um menino que foi embora, não quis aceitar o apoio do Abrigo e tempos depois foi morto em um bar, relata.

Mas Jhonatan também tem outros amigos que como ele foram recuperados. Tenho quatro amigos que moravam lá que assim como eu também mudaram de vida, constituíram família. Pessoas que chegaram drogados, morando na rua, conta. No Abrigo, ele fez um curso de informática e foi encaminhado para o primeiro emprego onde já está há dois anos. Antes eu não conseguia parar em emprego porque eu era muito difícil mesmo, reforça. 

Ao deixar o Abrigo,  ele conseguiu alugar uma casa próxima do trabalho, no Lar Paraná. Está namorando, já planejando o casamento e o sonho é ser aprovado em um concurso para a Polícia Militar. De vez em quando visita o abrigo para rever os amigos. É um lugar que necessita da atenção das autoridades porque o trabalho que eles fazem dá resultado. E eu sou a maior prova, arremata.