Colheita do trigo avança na região com bons preços ao produtor

Com preços considerados bons ao produtor rural – em média R$ 60,60 a saca de 60 quilos, valorização de 37% em relação ao mesmo período de 2029-, a colheita do trigo segue a todo vapor na região de Campo Mourão. O tempo quente e seco está contribuindo para o avanço dos trabalhos, que já atingiram 45% da área dedicada a cultura. No mesmo período do ano passado, a saca de 60 quilos estava cotada em média R$ 44,50.

De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), órgão vinculado à Secretaria Estadual de Agricultura (Seab), os produtores rurais já colheram 45 mil hectares dos 100 mil ha semeados na safra 2020. A produtividade média é de 3,1 mil sacas por hectares. A produção regional estimada na Comcam para esta safra é de 310.000 mil toneladas do cereal.

A área dedicada ao trigo este ano é a mesma de 2019 (100 mil hectares). Porém a safra passada registrou uma quebra significativa, de cerca de 45% devido às fortes geadas e estiagem prolongada durante o desenvolvimento da cultura. Para se ter ideia, naquele ano o Deral esperava uma produção de 295 mil toneladas de trigo. Porém as adversidades climáticas reduziram a produção a 165 mil toneladas.

Conforme o Deral, 60% das áreas com a cultura na Comcam ainda a serem colhidas são consideradas em boas condições, o equivalente a 33 mil hectares; 30% condições médias (16,5 mil ha); e 10% condições consideradas ruins (5,5 mil há).  10% da cultura se encontram no estágio de frutificação e 90% em maturação.  

O engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Hugo Godinho, informou no boletim semanal divulgado pelo órgão que a colheita no Paraná chegou a 11% na última semana ‘iniciando-se pelas áreas mais atingidas pela seca’. “Isso tem refletido negativamente nas produtividades obtidas até o momento”, falou Godinho. No prognóstico de como devem se comportar as próximas áreas, elas tiveram suas condições reavaliadas para 66% boas, 25% médias e 9% ruins, ante 71% de lavouras em boas condições na semana anterior.

Ainda assim, Segundo Godinho, o Paraná colheu, somente na última semana, aproximadamente 250 mil toneladas de trigo, volume suficiente para abastecer a demanda semanal do País, estimada pela Conab em 240 mil toneladas. “Os trabalhos de colheita devem se estender até começo de dezembro e pressionar temporariamente os preços do trigo, que estão relativamente altos. A saca, atualmente, está muito próxima à casa dos R$ 60,00, maior valor nominal da série histórica. Porém, em valores deflacionados pelo IPCA, estão em patamares menores que os atingidos em outros momentos, sendo o mais recente no segundo semestre de 2013”, avaliou o agrônomo no boletim divulgado.

Já quanto ao preço dos alimentos, ele explicou que trigo vem tendo um impacto menor que outros itens. Diferentemente de outros produtos que são buscados pela primeira vez no mercado externo, não há novidade na utilização da paridade de importação como referência, bem como o mercado já tem seus canais de comercialização estabelecidos. Assim, os panificados fecharam agosto com um aumento de 3,4% nos últimos 12 meses, um pouco acima do IPCA geral (2,4%), mas bastante abaixo da valorização de 11,4% experimentada pelos alimentos desde agosto de 2019. “Apesar de não ser um fato incomum na série histórica, é a primeira vez desde novembro de 2016 que a valorização de alimentos volta a apresentar dois dígitos”, concluiu.

O Paraná cultivou 1,113 milhão de hectares de trigo na safra 2020 contra 1,028 milhão em 2019. Mesmo com as geadas e estiagem em várias regiões produtoras, a produção de trigo deve atingir 3,474 milhões de toneladas, 62% acima do volume colhido na temporada 2019.