Governador de Tocantins nascido na região de Campo Mourão renuncia cargo

O governador afastado do Tocantins, Mauro Carlesse (PSL), anunciou renúncia ao cargo. A decisão foi tomada após a aprovação, na última quinta-feira (10), da abertura de um processo de impeachment contra ele.

O agora ex-governador é suspeito de envolvimento em esquema de corrupção. Carlesse é nascido em Terra Boa, distante 49 quilômetros de Campo Mourão. Iniciou na política em Gurupi/TO, onde perdeu a disputa pela prefeitura em 2012, mas se elegeu deputado estadual em 2014.

O político estava afastado do cargo desde outubro do ano passado, após uma decisão do ministro Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele é suspeito de ter cometido crimes no âmbito da Saúde e da Segurança Pública.

O afastamento ocorreu após uma operação da Polícia Federal (PF) para desarticular uma organização criminosa que supostamente tentou impedir ou obstruir investigações sobre atos ilícitos relacionados à cúpula do governo.

As operações foram determinadas pelo ministro Campbell. Os inquéritos, que correm em sigilo, indicam indícios de pagamento de vantagens indevidas ligadas ao Plano de Saúde dos Servidores do Tocantins, com estrutura para lavagem de ativos, e apontam também a integralização dos recursos públicos desviados aos patrimônios dos investigados.

Após a aprovação do processo de impeachment, o advogado de Carlesse, Juvenal Klayber, afirmou que faltam provas que liguem o governador afastado aos supostos crimes. Ele também reclamou que a defesa não teve acesso aos autos do processo.

Nas redes sociais, após a denúncia ter sido protocolada, ele publicou um vídeo em que confirma a renúncia. Na transmissão, Carlesse agradece à população e aos servidores do estado, mas disse que chegou ao limite por causa das acusações que vem sofrendo.

“Para mim, cheguei num limite. Um limite [em] que é insuportável um ser humano aguentar tanta mentira, tanta bagunça, como eles estão fazendo na minha vida. Estou me retirando do governo para que eles continuem esse governo, para que o estado não se prejudique mais do que está”, falou.

Na carta de renúncia, entregue pelo advogado Juvenal Klayber, Mauro Carlesse afirma que a decisão de se afastar do cargo “tem como finalidade precípua apresentar de forma tranquila e serena sua defesa junto ao Poder Judiciário em relação às injustas e inverídicas acusações que lhe foram imputadas”.

O político afirmou também que a saída do cargo deseja expressar que “esta atitude busca evitar uma crise institucional decorrente da exposição desnecessária dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário do Estado do Tocantins”.

Trajetória do político

Carlesse nasceu em Terra Boa, mas se firmou como empresário e político em Gurupi, no interior do Tocantins e a cerca de 210 km de Palmas. No início da década, ele assumiu o comando da presidência do Sindicato Rural de Gurupi, posto que o impulsionou a um ano depois, buscar a eleição como prefeito do município. Filiado ao PV, Carlesse foi derrotado no pleito municipal de 2012 para o adversário Laurez Moreira, integrante, na época, do PSB, por 57% votos válidos a 43%. Em 2014, já no PTB, Carlesse alcançou o posto de deputado estadual, o seu primeiro cargo político, que o ajudou a se projetar pelos quatro anos seguintes.

Em julho de 2015, no primeiro ano como parlamentar, Carlesse ficou detido em uma sala da própria Assembleia Legislativa por não pagar pensão alimentícia a sua ex-esposa Rosângela Catarina Kiriliuk. O então deputado estadual foi solto quase um mês depois. Posteriormente, as defesas de Carlesse e Rosângela chegaram a um acordo — o então deputado pagaria R$ 400 mil à ex-mulher, além de transferir algumas propriedades a ela.

Após o episódio, Carlesse seguiu o mandato na Assembleia Legislativa até que, em 2017, já integrando o quadro de filiados do PHS, ele se tornou presidente da Casa, posto que o levaria, um ano depois, ao comando interino do estado do Tocantins.

Em março de 2018, enquanto presidente da Assembleia Legislativa, o empresário viu o TSE cassar o mandato do então governador e da então vice-governadora do TO, respectivamente Marcelo Miranda e Cláudia Lélis, pelo crime de “caixa 2”. Houve nova eleição. Ele se candidatou no pleito fora de época, e venceu a disputa pelo cargo. No fim do mesmo ano, quando houve novas eleições, ele foi reeleito para o mandato vigente, que encerraria no fim deste ano.