Advogado mourãoense faz desabafo sobre “crise” na profissão

A advocacia está passando por um período marcado pelo desrespeito à profissão, pelo não reconhecimento de sua imprescindibilidade e pela incompreensão do seu papel. Eu diria estar havendo uma preocupante crise de identidade da profissão em face da sociedade e das próprias instituições do Estado.

Esse texto desabafo foi postado pelo advogado mourãoense e ex-procurador do município, Márcio Berbet, em sua página na rede social. Para ele, os advogados que atuam na área penal estão sendo vistos por parte da sociedade como se fossem colaboradores do crime. Quem assim pensa ignora, ou finge ignorar, que nós não defendemos o crime, mas, sim, somos porta-vozes dos direitos e das garantias constitucionais e legais dos acusados, escreve o advogado.

Segundo ele, o crime é um fenômeno social e por isso qualquer pessoa está sujeita. Ninguém em sã consciência poderá afirmar que jamais cometerá um delito ou se verá acusado injustamente de tê-lo praticado. O sistema penal está repleto de exemplos de inocentes que se sentam nos bancos dos réus. Ou, ainda, há uma infinidade dos que, embora culpados, se tornam alvo de acusações mais graves do que a sua efetiva responsabilidade, acrescenta Berbet.

Ele ressalta que os advogados são os únicos habilitados a exercer a defesa técnica perante os tribunais. E o advogado formulará a defesa com base nos fatos e no rol daqueles referidos princípios constitucionais, necessários para que seja realizada a justiça no caso concreto, enfatiza.

Berbet cita uma recente revelação de manifestações de um juiz e de um procurador sobre suas atividades onde o advogado foi esquecido. Lamentavelmente, para alguns membros do Judiciário o advogado atrapalha. Estes juízes nos consideram desnecessários. Apenas nos toleram porque a Constituição exige a nossa presença para a administração da justiça, comenta.

Sem citar nomes, ele criticou o fato do juiz em questão sugerir estratégias, comprometendo a imparcialidade que o cargo exige. Isso dá sinais de já estar com a sua convicção formada. Em tal hipótese, as provas e os debates processuais serão inúteis. O processo se transforma numa farsa montada para atender às exigências legais, nada mais, conclui.