Chuva prejudica colheita da soja na região e produtor já registra perdas
Um olho no tempo e outro na lavoura. Assim vem sendo os últimos dias do produtor rural de Boa Esperança, Geraldo Camilo. Ele está apreensivo com o atraso da colheita da soja devido as chuvas constantes nas últimas duas semanas. Aproveita qualquer espaço de sol que possibilite a entrada das máquinas no campo para retirada da produção. O objetivo é reduzir ao máximo as perdas já contabilizadas em sua propriedade.
Camilo conta que parte dos 300 alqueires de soja semeados já estão no ponto para colheita, mas que a chuva não vem permitindo o andamento dos trabalhos. “Já estimamos uma perda de cerca de 10% em cima do que está para colher”, afirmou. “Cada dia de chuva tem sido preocupante e com o aumento de perdas”, lamenta o sojicultor que há mais de 40 anos está na atividade.
O produtor informou que até a próxima semana, pelo menos mais 100 alqueires já estarão prontos para colheita, o que aumenta ainda mais sua preocupação. O medo é que esta área também seja prejudicada pelo excesso de umidade. “É dar sol tem que entrar colhendo. O problema é que está chovendo praticamente todos os dias nas últimas duas semanas e em volume significativo. Isso deixa o solo bastante úmido impedindo a entrada das máquinas no campo. Além disso, tem o fator umidade do grão, que afeta a qualidade”, explicou.
Ele comentou que a área em que está chegando no ponto de colheita, o desenvolvimento da cultura está em boas condições. Caso a chuva não persista e a colheita seja feita sem interferências, a expectativa de produção é até 200 sacas de soja por alqueire.
Porém, as previsões são desanimadoras a produtores da Comcam. De acordo com o Simepar, as chuvas deverão persistir na região e em grande parte do Paraná pelo menos até o dia 4 de março. Se isso se confirmar será um desastre para muitos produtores, que amargarão com prejuízos. “Conversando com outros produtores, aqui da nossa região, tem lavouras que a soja já começou a apodrecer de baixo para cima devido o excesso de umidade”, informou Camilo.
Na região de Campo Mourão, várias áreas aguardam apenas o tempo firmar para serem retiradas de campo. Em algumas áreas, sojicultores que fizeram a dessecagem da lavoura para a colheita se preocupam agora com o risco de perdas por conta do excesso de chuvas.
Outra preocupação de produtores de várias cidades da Comcam como Araruna, Boa Esperança, Campina da Lagoa, Campo Mourão, Corumbataí do Sul, Farol, Mamborê; Nova Cantu, Peabiru, Juranda, Luiziana e Roncador, é que o atraso na colheita da soja interferirá no plantio do milho 2ª safra.
Netas cidades, o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), encerra no dia 28 deste mês. “Se a colheita continuar neste ritmo, até esta data não vamos ter plantado nenhum grão de milho segunda safra obedecendo esta janela”, preocupam-se produtores ouvidos pela TRIBUNA.
Eles dizem que o ZARC dessa microrregião é muito curto. Deveria ser estendido, no mínimo, até o dia 10 de março para pelo menos terem a chance de plantar sem medo de ficarem ‘descobertos’. Quem plantar fora do zoneamento corre o risco, por exemplo, de ficar sem seguro agrícola e Proagro. Ou seja, o prejuízo ficará tudo por conta do produtor no caso de alguma interferência climática.
Na região de Campo Mourão, até a segunda-feira (13), conforme último boletim divulgado pelo Deral, apenas 4% da safra de soja havia sido colhida na Comcam. O número representa a colheita de 28.040 hectares de um total de 701.230 ha semeados. Estes dados podem ter sofrido alteração neste intervalo de tempo, já que no período alguns momentos de sol possibilitou que produtores dessem continuidade à colheita. A estimativa de produção na região de aproximadamente 2.804.920 milhões de toneladas de soja.
Em todo o Paraná, a área plantada na safra atual é 5,7 milhões de hectares de soja. A expectativa é colher aproximadamente 21,5 milhões de toneladas de soja, alta de 64% na comparação com a safra passada e, possivelmente, segundo o Deral-PR, próximo do limite de produção do Estado.