Circo está instalado em Campo Mourão há 10 meses sem espetáculo

Os artistas de circo, por sua natureza nômade, estão entre os principais afetados pela pandemia de Coronavírus. Instalado em Campo Mourão na semana que começou a pandemia (em março do ano passado), o Circo Rhoney Espetacular completou 10 meses no mesmo local, sem poder apresentar seu espetáculo e sem ter para onde ir. A esperança, com a chegada da vacina, é que em breve consiga autorização para se instalar em outra cidade.

Nesse período, a equipe circense sobreviveu de doações da comunidade, auxílio do poder público e no fim do ano contemplado com a lei federal Aldir Blanc, de apoio a cultura. “Nunca ficamos tanto tempo no mesmo local e pior, sem poder trabalhar. É uma experiência inédita nas nossas vidas, que mexeu muito com nosso psicológico. Alguns tiveram crise de ansiedade”, comenta Michele dos Santos Salgueiro, responsável pelo circo, montado às margens da Perimetral Tancredo Neves.

Ela diz que procura enxergar mais os pontos positivos. “Creio que estamos onde deveríamos estar. Sou muito grata a Campo Mourão por ter nos acolhido e ajudado, especialmente no início. Sabemos que a vacina ainda demora pra gente, mas agora existe uma esperança e estamos nos organizando para a saída, assim que tivermos autorização para nos instalar em outra cidade”, afirmou. 

Quando chegou em Campo Mourão a equipe era formada por mais de 20 pessoas. Agora estão em 11. “Os que tinham casa em Curitiba voltaram e algumas famílias estão em casas de familiares, fazendo trabalhos temporários”, disse ela. O grupo continua necessitando de doações. “Especialmente alimentos e produtos de limpeza. O que a gente não precisar comprar é sempre muito bem vindo, porque o dinheiro está escasso”, acrescenta.

Até o mês de novembro, segundo ela, as famílias que tinham crianças receberam cestas básicas da Secretaria de Assistência Social. Mas essas famílias foram embora. “Vendemos bolas, maçãs, assim como  todos os circenses do Brasil, que ajudou a pagar contas. Participamos de projetos pequenos junto com o grupo Sou Arte, fizemos uma live no Teatro Municipal e também trabalhamos na campanha eleitoral, que também ajudou a suprir. Graças a Deus não faltou nada”, revela Michele.

Ela também agradece a família Slomp por não cobrar aluguel do terreno onde o circo está instalado. “Eles tiveram essa sensibilidade que muito nos ajudou. Muitos colegas de circo em outras cidades não tiveram a mesma sorte. Há casos que estão estacionados na rua”, observa Michele, que não vê a hora de poder trabalhar. “O dinheiro que conseguimos para pessoa física acabou. E para pessoa jurídica, obtido pela lei federal, estamos tentando deixar a empresa em dia e também teremos que prestar contas. Mas se ficar essa situação continuar daqui a pouco não teremos nada”, reforça.