Comissão médica sugere à prefeitura o chamado “tratamento precoce” contra o coronavírus

Uma comissão de médicos participou de reunião com o prefeito de Campo Mourão, Tauillo Tezelli (Cidadania), solicitando ao município a disponibilização, nos postos de saúde, de medicamentos para tratamento do novo coronavírus (Covid19), o chamado “tratamento precoce”, indicado para ser iniciado aos primeiros sintomas da doença.

O “tratamento precoce” contempla um coquetel de medicamentos composto por cloroquina ou hidroxicloroquina e azitromicina. Apesar das controvérsias na área médica da não eficácia destes medicamentos, este tipo de tratamento é preconizado pelo Ministério da Saúde. O protocolo foi incrementado, baseado em outros protocolos utilizados em algumas cidades do Brasil e no exterior, contendo: hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina, e vitamina D. Em casos especiais associam-se corticóides e anticoagulantes.

Os médicos que participaram do encontro com o prefeito lembraram que seguindo a orientação do Ministério da Saúde, o Governo Federal disponibilizou a cloroquina e hidroxicloroquina desde junho de 2020 para entrega gratuita aos municípios ‘mas infelizmente Campo Mourão não solicitou a medicação’. Na ocasião foi entregue um abaixo assinado ao prefeito com assinaturas de 61 médicos do município.

No documento, os profissionais reforçam a disponibilidade dos medicamentos para o “tratamento precoce” para que possam prescrevê-los quando indicado, ‘garantindo assim o direito da população ao tratamento adequado’. Eles solicitaram também melhores condições de atendimento aos pacientes da Unidade Pronto Atendimento (UPA), em relação à triagem, acesso à medicação e capacitação dos profissionais para o diagnóstico precoce da doença.

O secretário de saúde de Campo Mourão, Sérgio Henrique Santos, comentou que o município recebeu ‘de bom grado’ a sugestão dos médicos. “Percebemos que estes profissionais estão preocupados com a saúde da população”, afirmou. 

Santos informou que o município fará o levantamento de custos dos medicamentos. “Esta indicação é uma forma positiva. O que os médicos sugeriram é que a prefeitura adquira e deixe disponível nas farmácias dos postos de saúde para o médico fazer a indicação do medicamento quando entender necessário”, frisou.

Santos adiantou no entanto que a valorização dos medicamentos no período da pandemia pode inviabilizar a aquisição pelo município.  Ele exemplificou que a prefeitura havia feito um orçamento em que o ivermectina era vendido a R$ 0,19 o comprimido e agora foi para R$ 2,73. “Os altos valores podem impossibilitar a compra dos medicamentos. Até mesmo Tribunal de Contas pode intervir já que está acompanhando estas aquisições, inclusive fazendo recomendações. Mas de qualquer forma já estamos analisando a viabilidade de aquisição destes medicamentos”, falou. 

Contraponto

Recentemente, o infectologista mourãoense Rodolfo Poliseli, que já atuou na Vigilância Epidemiológica do município, se manifestou em live da prefeitura não recomendando o uso do vermífugo ivermectina como prevenção ao Covid-19. O assunto rendeu reportagem na TRIBUNA. Na ocasião, ele ressaltou que os testes feitos até agora com esse medicamento para essa finalidade, não apresentaram eficácia. E ainda estão em fase inicial.

De acordo com o infectologista, o que se tem até agora é a efetividade in vitro (tratamento em laboratório), em que se trata a célula fora do organismo humano e nessa fase, o que se descobriu é que teria que administrar uma dosagem muitas vezes maior que o aceitável pelo organismo humano e isso poderia levar a uma intoxicação.

Segundo o infectologista, os testes de medicamentos começam em laboratório, depois em animais e só então em humanos. “E 90 por cento dos resultados iniciais geralmente não se confirmam. A ivermectina, tendo sido aprovada nesse primeiro teste, é apenas uma ideia para passar para outras fases”, falou na ocasião, ao destacar que a doença é muito dinâmica e a cada dia surgem novas pesquisas.