Coronavírus: em menos de três meses 63 mortes em Campo Mourão

Até a manhã desta segunda-feira (22), Campo Mourão contabilizou 128 mortes de moradores em decorrência do Covid-19, desde o início da pandemia. Desse total, 63 ocorreram apenas neste ano (menos de três meses). Os números são alarmantes, principalmente considerando que durante o ano passado (em 10 meses), 65 pessoas morreram.

Mesmo com a vacinação em andamento, os números negativos continuam em alta no município. Conforme levantamento divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde, o número de casos positivos também cresceu na mesma proporção. Em 31 de dezembro de 2020 eram 3.309 casos, enquanto o boletim divulgado neste domingo (21) o total chega a 6.595, ou seja, 3.286 casos positivos só em 2021.

As estatísticas preocupam os gestores da Saúde. “São mais de três mil casos em menos de três meses. E estamos vendo um número acentuado de pessoas mais jovens necessitando de internamento hospitalar e alguns morrendo, situação também diferente do ano passado”, analisa o secretário municipal de Saúde, Sérgio Henrique dos Santos.

Mesmo com aumento de leitos na Santa Casa e credenciamento para atendimento Covid na Central Hospitalar, a UPA municipal também se transformou numa espécie de “hospital de campanha”. “Todo mundo já sabe que é uma doença contagiosa, mas basta andar pela cidade para ver que uma grande parcela não está adotando os cuidados necessários”, lamenta o secretário.

Medicamentos

Além da falta de leitos e profissionais de saúde no mercado, outra preocupação das autoridades de saúde é a possibilidade de faltar medicamentos utilizados na intubação. “A necessidade por insumos é geral e há um esforço do governo do Estado porque a contaminação é muito maior que a capacidade da indústria produzir os medicamentos”, ressalta o chefe da 11ª regional da Saúde, Eurivelton Siqueira.

O diretor técnico da Santa Casa, Renato Gibim, revelou outra situação grave: a exploração do mercado sobre os preços. “Medicamentos que custavam menos de 30 reais a ampola, hoje estão sendo vendidos a mais de 200 reais a ampola. Mesmo pagando esses valores, estamos numa fila de espera nacional e a previsão de recebimento é de até dois meses”, explicou o médico.

Nem tudo são más notícias no cenário da pandemia

Em meio a situação caótica da Saúde por falta de leitos, também é possível fazer uma leitura positiva dos boletins divulgados diariamente pela prefeitura de Campo Mourão. Em 31 de dezembro de 2020 um total de 2.708 pessoas com exames positivos foram consideradas recuperadas. No boletim divulgado no domingo, o número de recuperados (que já passaram pela quarentena e estão sem sintomas) chegou a 5.454. Isso significa 2.746 pessoas recuperadas somente em 2021.

Segundo a Santa Casa, neste ano (até a manhã desta segunda-feira), 159 pessoas hospitalizadas na UTI ou enfermaria testadas positivo para Covid-19 tiveram alta. É o caso de José Mario Leal de Moraes, 52 anos, que ficou 43 dias hospitalizado, dos quais 30 na UTI. Bioquímico e dono de um laboratório em Campo Mourão ele considera que está vivo por “milagre”.

“Quando acordei, me perguntaram se eu sabia onde estava. Disse que não. Me explicaram que estava no hospital. Que a cidade havia decretado lockdown. Que a UTI estava lotada. Mas, pra mim, ainda era dia 6 de fevereiro. Não lembrava de nada”, disse ele, que teve alta dia 14 de março. Já em casa e debilitado, José Mário faz um apelo. “Temos que manter o distanciamento. Evitar festas e aglomerações. Usar máscaras. Lavar as mãos, usar álcool em gel. Se não nos cuidarmos, todo mundo vai pegar”, prevê.

 A reportagem da TRIBUNA não conseguiu informações sobre o número de altas na Central Hospitalar, que passou a atender pacientes com Coronavírus no início deste mês.