Falta de leitos hospitalares transforma sala de urgência da UPA em semi-uti

A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Campo Mourão está enfrentando uma situação caótica nas últimas semanas em decorrência da pandemia do coronavírus (Covid-19). Até a manhã desta quinta-feira (4), sete pacientes aguardavam leitos hospitalares de UTI e enfermaria para transferência. Para evitar a morte dos infectados, a sala de urgência e emergência da unidade foi transformada pela secretaria de Saúde em uma semi-uti devido a falta de leitos hospitalares. O município tem 99 óbitos pelo vírus e quase 6 mil confirmações. 

“Ontem dos oito pacientes que estavam aguardando leitos, dois estavam fazendo uso de oxigênio via cateter nasal. À tarde dois deles apresentaram agravamento do quadro de saúde e foram intubados na própria UPA”, informou nesta manhã, à TRIBUNA, o secretário de Saúde Sérgio Henrique dos Santos. 

O secretário disse que um dos pacientes conseguiu uma vaga de UTI no Hospital Metropolitano de Sarandi, para onde será removido e outras duas pessoas foram levadas a enfermaria Covid da Santa Casa de Campo Mourão. “Temos a perspectiva da abertura de mais vagas para que mais pacientes sejam transferidos o mais breve possível”, disse o secretário, que se diz chocado com a situação. 

“A situação é caótica. Eu sinceramente acredito que ontem (quarta-feira) foi o pior dia da pandemia em relação a sobrecarga do sistema de saúde pública em Campo Mourão, desde o início da pandemia. Por mais que já tivemos cenários preocupantes no início da pandemia, nunca tivemos o risco de falta de estrutura. A UPA estava vazia”, exemplificou Santos. 

Ele lembrou que somente no último fim de semana em torno de 800 pessoas passaram pela ala Covid da UPA com sintomas de coronavírus. “Hoje 60% dos atendimentos na UPA são relacionados a Covid”, disse Santos. Devido a alta demanda de atendimento, a ala da porta principal  passou a atender casos de Covid e a da lateral atendimentos convencionais. O secretário informou que em torno de 50% dos exames coletados apresentam resultados positivos. “Tivemos mês de coletar 2,2 mil exames sendo positivados 1,1 mil”, falou. 

Santos ressaltou que a UPA não é uma unidade exclusiva para testagem de Covid. “É lugar também de se fazer consultas médicas. O médico começa o tratamento desde os primeiros sintomas. Então vale ressaltar que a unidade não é meramente um local de testagem, algo que já vem sendo questionado por alguns moradores”, informou. 

O secretário reforçou à população que cumpra as determinações do decreto estadual e municipal de enfrentamento à pandemia. “Só saia de casa se houver necessidade, evite aglomerações e usem máscara de proteção ao sair de casa. Evitem festas clandestinas e reuniões familiares. A população precisa se conscientizar destas medidas se não o cenário ficará ainda pior e mais caótico”, alertou.  

Os leitos de UTI de Campo Mourão extrapolaram a taxa de ocupação, atualmente estão em 150%. Na enfermaria também a ocupação atingiu o seu limite de 100%. Ou seja, quem precisar de internamento, terá de aguardar a disponibilização de vagas ou transferência a hospitais de outras cidades da região que tratam a doença e também estão sem leitos.