Família de Mabel autoriza doação de órgãos, corpo da atriz deverá ser cremado nesta sexta

A família da atriz Maria Belén Calzolari, a Mabel, que morreu na terça-feira (22), aos 21 anos, autorizou a doação dos órgãos dela. Ela teve a morte cerebral confirmada após ser diagnosticada com uma doença rara chamada aracnoidite torácica, que atinge o sistema nervoso central.

O corpo da atriz será cremado após a realização da retirada dos órgãos. A cremação deverá ocorrer nesta sexta-feira (25). A informação foi confirmada por Monique Curi, amiga da atriz, em suas redes sociais. 

“Ela já tinha esboçado o desejo de doar os órgãos. A mãe dela decidiu que vai doar. Achei um gesto muito bonito. Agora a Silvinha está aguardando o pessoal da central de doação de órgãos ligar para dar continuidade ao protocolo de doação”, disse a atriz Monique Curi à Revista Quem. “Serão provavelmente 10 vidas salvas. Isso está deixando a mãe da Mabel (Silvia) muito conformada”, emendou Monique.

Maria Calzolari sempre pretendeu ser atriz. Nascida em Córdoba, na Argentina, viu os pais se separarem ainda criança. Mas, aos cinco anos, veio com a mãe ao Brasil. Fixaram residência em Campo Mourão, onde tinham parentes. Menina de forte personalidade, não nasceu em berço de ouro. O jeito então, foi se virar. Arrumou as malas e rumou pra cidade grande. Estudou. Batalhou. Provou talento. Chegou a Globo. Mas o percurso foi interrompido ao descobrir que tinha a doença  aracnoidite adesiva. Seu drama vinha sendo compartilhado com a mãe, Silvinha e com amigos, atores e atrizes, que fez no Rio de Janeiro. Uma vaquinha foi criada para ajudar. Ela não possuía plano de saúde. Famosos também pediam ajuda ao seu caso. 

A luta travada era para não ter sequelas, principalmente, que a deixassem numa cadeira de rodas. De dezembro para cá, foram nove cirurgias na coluna. Na última semana, teve convulsões. Passou a não reconhecer mais as pessoas próximas. Na sexta, sofreu uma parada respiratória. Foi intubada. O estado de saúde se agravou. Depois disso, uma parada cardíaca, por 12 minutos. Ela não suportou.   

A doença de Mabel é conhecida como aracnoidite adesiva. Ou seja, uma condição em que a membrana que circunda os nervos da medula espinhal, incha, causando muitas dores. Pode ser causada por infecção, lesão ou compressão crônica da medula. Não existe cura. Dados indicam se tratar de um problema raro, um em um milhão de pessoas. E pode levar a perda dos movimentos. Paralisia ou, até, tetraplegia. A este repórter, Mabel contou que em janeiro de 2020, fez a primeira cirurgia. Outras duas aconteceram em uma semana, em dezembro.  

O seu caso continuava sendo estudado no hospital Miguel Couto, no Rio de Janeiro, onde estava internada. Ela não andava e tornou-se totalmente dependente da ajuda de outras pessoas. Silvia, a mãe, deixou Campo Mourão para ficar ao seu lado. Cabeleireira de profissão, não podia trabalhar por conta da filha. O problema foi descoberto ainda no final de 2019, após o parto. No Rio, Mabel conheceu e passou a namorar um ator, João. Ela ficou grávida. Da relação, nasceu Nicolas, hoje com dois anos.