CAUBY: CANTEI, CANTEI…CONCEIÇÃO…

Amaldiçoei

O dia em que te conheci

Com muitos brilhos me vesti

Depois me pintei, me pintei

Me pintei, me pintei

Cantei, cantei

Como é cruel cantar assim

E num instante de ilusão

Te vi pelo salão

A caçoar de mim

Chorei, chorei

Até ficar com dó de mim

Conceição

Eu me lembro muito bem

Vivia no morro a sonhar

Com coisas que o morro não tem

Chico Buarque de Holanda

 

Cauby Peixoto é uma das últimas vozes do rádio, quando emissoras eram o veículo mais importante de comunicação, tinham todo tipo de público, sendo a música a essência dos programas de maior sucesso. Nascido em Niterói, 10 de fevereiro de 1931, ele começou a cantar nos anos 40.

Timbre de voz próprio, som quase aveludado, era singular na maneira de se vestir, extravagante e romântico considerado por muitos como cafona, mas o fundamental é ser romântico, Cauby sempre se considerou charmoso, cantar para ele era ser sedutor.

Embora tenha sido extraordinário e não contivesse a vaidade, foi generoso com muitos  artistas, sobretudo os amigos. Cantou e influenciou intérpretes geniais como Nat King Cole, Franck Sinatra, Orlando Silva, Sílvio Caldas, Agnaldo Timóteo, Altemar Dutra, Nelson Gonçalves, Emílio Santiago, Vânia Bastos, Eramos Carlos, Caetano Veloso, Elis Regina.

Ainda sobre o estilo de cantar, se vestir, a apresentação dele sugeria decadência, Cauby parecia ter parado e ficado preso ao passado. Mas não! Tinha público, fiel, que emocionava, mantinha claramente décadas de sucesso que não é – jamais foi – mero acaso.

Aos 85 anos, em São Paulo onde morreu, 15 de maio, baixou jazigo com a multidão a cantar Conceição, música-identidade de Cauby, ele jamais deixou de cantá-la para todos os públicos em todas as suas apresentações. Antes de transcrever um trecho desta bela canção, vale salientar que as duas canções que tão bem cantou, não eram dele a autoria. Cantei, Cantei, composta por Chico Buarque de Holanda, que a interpreta, sempre a canção leva o público a associá-la a Cauby. Feita em 1956, Conceição tem dois autores cariocas: Valdemar de Abreu, o Dunga e Jair Ambrósio. Infelizmente é da nossa cultura desconhecermos em grande parte os autores das obras. Na música a fama é do cantor. O autor da letra é esquecido até mesmo sem, um dia sequer, ser lembrado:     

Conceição, eu me lembro muito bem/ vivia no morro a sonhar/ com coisas que o morro não tem/ foi então que lá em cima apareceu/ alguém que lhe disse a sorrir/ que descendo a cidade ela iria subir/ se subiu, ninguém sabe ninguém viu/ pois hoje o seu nome mudou/ e estranhos caminhos pisou/ só eu sei que tentando a subida descendo/ e agora eu daria um milhão/ só para ver outra vez, Conceição.

Fases de Fazer Frases

Antes o texto com rasuras, mas correto, a ter que ler límpidas linhas com erros.

Olhos, Vistos do Cotidiano

Varais vazios. Roupas grossas saem do armário para esquentar pessoas. Pássaros encolhidos pousam nos varais sem roupas (peças e eles nus, lógico). É o varar, noite fria e escura, despida na névoa.   

Reminiscências em Preto e Branco

A acompanhar homenagem ao Cauby e ao citar Chico Buarque, (Cantei, Cantei), Holanda, então estudante de arquitetura, é o autor da famosa música A Banda, que vendeu 55 mil cópias no ano em que foi composta, 1966, interpretada por Gilberto Gil, depois o Chico e popularizada pela saudosa Nara Leão: estava à toa na vida o meu amor me chamou pra ver a banda passar (…)…