O coração não vê nada, mas tudo sente
“Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”.
Saint-Exupéry – O Pequeno Príncipe
Para se referir ou se ter uma noção o quanto uma pessoa é fria ou má, podendo ser fria e má, é comum dizer, ela não tem coração.
Diante de um mesmo fato e com o mesmo ângulo de visão, o olhar humano poderá comportar uma multiplicidade de concepção, que possuem a emoção e a razão como fundamento desse enxergar tão variado, podendo ser tão complexo quanto simples.
Atribui-se ingenuidade quem não vê ou não sente o mal-intencionado, consequentemente sendo aquele que só vê, age e avalia tudo com o coração.
Qual a importância de tais pessoas de bom coração? São mais felizes? São ingênuas a ponto de serem estúpidas para com elas mesmas? Quando são enganadas, como reagem? É significativa a parcela de pessoas que mantêm o sentimento altruísta, solidário, até “arrumando” justificativas que levam alguém a agir ou tirar proveito de um bom coração.
Os de bom coração continuam a pensar, sentir e agir do mesmo modo. Os males que sofrem não deixam cicatrizes e recordações do que sofreu. Não tocam mais no assunto, esquecem, porquanto o bom coração tem essa natureza.
Sou levado a escrever a Coluna de hoje por conhecer a história de dois irmãos que brigaram muito na infância e juventude a tal ponto que jamais se viram depois de adultos. E mais de quarenta anos sem que um soubesse do outro.
Corações antagônicos, um bom coração e o outro sem coração.
Outra pessoa da família que bem conhecia aquela história, resolveu procurar o irmão de bom coração. A iniciativa teria sido apenas a dela. Chegou até ele, ainda que sei jeito de falar, foi informar que o irmão dele estava hospitalizado, precisava de um transplante de medula, mas não tinham ainda encontrado um possível doador.
O irmão de bom coração ouviu tudo e imediatamente levantou do sofá, rapidamente reuniu alguns pertences para viajar naquele momento.
– Você vai aonde? – indagou a pessoa que veio procurá-lo.
– Irei ao hospital para ser o doador – responde o irmão.
Viajou a noite toda, queria chegar ao hospital o quanto antes. Examinado, estava apto a ser o doador. Ele sequer tinha visto o irmão, estava preocupado primeiro com os exames médicos.
E finalmente viu o irmão no leito, sem forças para falar, gesticular. Pediria o enfermo perdão? Agradeceria?
O irmão parecia ter doado o bom coração dele e esperava que ele sobrevivesse. Perdão, gratidão. Não importa.
Fases de Fazer Frases (I)
Saiba esperar, ainda que a espera não seja sabida.
Fases de Fazer Frases (II)
Saiba ser o que é, pois o que serás ainda não sabes.
Fases de Fazer Frases (III)
O pensamento estreito não alarga a reflexão.
Fases de Fazer Frases (IV)
O querer nem tudo é. O bem-querer é mais que tudo.
Fases de Fazer Frases (V)
Olhar para o infinito e enxergá-lo como o prosseguir dela ou o seu fim.
Olhos, Vistos do Cotidiano
Após anunciarem o fim da obrigatoriedade das máscaras, sobretudo em lugares abertos, tem municípios que passaram a recomendar o uso delas cotidianamente, devido ao aumento do número de casos suspeitos, de infectados e o de mortes. Existiu precipitação da não obrigatoriedade delas?
Caixa Pós Tal
Evidentemente que o Gilmar Cardoso, advogado, poeta e membro da Academia Mourãoense de Letras e ex-prefeito do Farol, bem que exagerou a meu respeito: “… ao lado de José Eugênio Maciel, um dos maiores cérebros que a nossa cidade já produziu”. O que dizer sobre as palavras elogiosas escritas pelo meu glorioso amigo? O escrevinhador aqui responde, agradecendo e torando pública a minha gratidão, é bondade mesma do amigo.
O texto foi publicado no Blogue do Ilivaldo Duarte, que também publicou texto de dois outros acadêmicos, o do Arleto Rocha e este colunista. Agradeço o Ilivaldo pela publicação.
Para terminar, voltando ao conteúdo do Gilmar, ele menciona um amigo em comum, o Cristiano Augusto Calixto, advogado e muito bom de prosa, dada a vasta cultura fluente que tem.
Farpas e Ferpas (I)
Quem sabe que não tem, deve saber quem tenha, ainda que não saiba.
Farpas e Ferpas (II)
Quem tenta ou vive de literatura não perde sopa de letrinhas.
Farpas e Ferpas (III)
Quem nunca passa vontade é por deixar a vontade passar.
Farpas e Ferpas (IV)
Problema não é perder a razão, mas não encontrá-la mais.
Reminiscências em Preto e Branco
Na tardança da vida, lembranças vão e vêm. Elas trazem e levam memórias da vida. Lágrimas parecem iguais quando olhamos nosso rosto ou de alguém. Na verdade as lágrimas são de imensa alegria, são também de enorme tristeza.
É a tardança da vida, reminiscências, são elas a distinguirem o que olhamos, sem ver; ou o que não vemos mas enxergamos.
José Eugênio Maciel | [email protected]