No andar da carruagem

Os observadores mais atentos já terão percebido que a postura de Dilma nos programas eleitorais e debates, não corresponde ao que ela fará em um segundo mandato. João Santana, seu marqueteiro, simplesmente repetia o que já dera bom resultado. Basta lembrar o quadro de 2.002, quando Duda Mendonça, o “milagreiro” da época, encarregou-se de preparar o engodo. Convencido depois de derrotas consecutivas que o roteiro precisava ser outro, sem seguir o programa sempre defendido pelo PT com suas medidas pouco palatáveis aos conservadores. Lula abriu mão de seus princípios (se é que os teve) e assinou uma carta-compromisso em que os conceitos expostos, garantiam uma administração sem grandes surpresas. Inclusive na área econômica;a contragosto admitiu mais tarde! Com os bons resultados obtidos, ao seguir o roteiro escrito por seus antecessores e aprofundando os programas sociais, Lula, ao tempo que atendia aos mais humildes, passava a ser visto com bons olhos por categorias que emitem opinião. Suas medidas, mesmo frontalmente contrárias ao que seu partido repudiara anteriormente, foram sendo bem deglutidas. Uns  poucos descontentes afastaram-se para fundar o PSOL. Os demais, bem aquinhoados com o aparelhamento do Estadoe as divisões de cargos (com resultados visíveis em operações como o mensalão e a Lava Jato), apoiaram as mudanças de rumo. Daí, o que se viu na campanha enas primeiras mudanças anunciadas por Dilma, causando irritação em setores mais extremados do PT: a reprise do método lulista de fazer política. As circunstâncias são outras e a líder do momento sem a “cintura” do avalista. Se no caminho perceberem que a carruagem não tem cocheiro, rompem e vão preparar uma nova Carta aos Brasileiros, lançando Lula para 2018.

Ministério…

A coluna ontem afirmava: o exemplo vem de cima! Quando se anuncia uma possível reimplantação da CPMF, desta vez com compromisso formal de aplicar em saúde, como objetivara seu criador Adib Jatene, nos estados e municípios a tentativa de melhorar seus caixas irá caminhar para o mesmo modelo: aumento de impostos. Com a CPMF e os recursos que advierem do Pré-Sal investidos na saúde, uma certeza: passará a ser a pasta mais disputada do governo federal.

…tentador

A CPMF é vista com bons olhos, não apenas pela presidente Dilma mas igualmente por governadores, inclusive os de oposição como Beto Richa. Daí a pressão que farão sobre suas bancadas no Congresso. É claro que, conscientes do desgaste que sofrerão, deputados e senadores fazem “muxoxo”. Gleisi Hoffmann (PT)já defende a retirada de um imposto, caso a CPMF seja implantada. “A sociedade está num limite em relação à carga tributária”, argumenta ela. O problema será: o governo abre mão de algum imposto?

Compra explícita…

Lideranças dos partidos que apoiam o governo (alguns que se afastaram parcialmente durante a campanha, caso do PTB e PR, já estão de volta) para analisar o projeto em discussão no Congresso, sobre Superávit Primário, que encontrou resistência parlamentar, devem ser facilmente convencidas. Dilma tema mão recheada com  alguns bilhões de reais de emendas parlamentares. Argumento definitivo!

… de votos

O que pode complicar é a intenção da oposição de ir à Justiça para proibir a sua aprovação. Simplesmente por que em seu texto está condicionado o pagamento das emendas, á aprovação da anexação de gastos com programas de governo, na redução do “superávit”.

Em risco

O anúncio da indicação da senadora Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura (Mapa), convite feito e aceito, é retardado pelas resistências que encontra. A começar pelo PT, por ambientalistas, passando inclusive pela bancada ruralista da qual já foi expoente, antes de deixar o DEM e em seguida o PSD, para ingressar no PMDB. Com a praticamente decidida saída do ministro Neri Geller, prejudicado pela prisão dos irmãos investigados pela operação Terra Prometida, da Polícia Federal, o retardamento coloca a nomeação em risco.