As causas e os efeitos

A partir deste mês, introduzirei alguns temas novos no escopo do tema central da Coluna, Sociedade e Desenvolvimento. Serão temas voltados à gestão e liderança, que tem um importante papel na melhoria das condições socioeconômicas de um município, região ou país.

Quando estudamos processos de Gestão da Qualidade, uma das ferramentas analíticas mais importantes é a Análise de Causa e Efeito. Materializada no famoso Diagrama de Ishikawa, ou Diagrama de Causa e Efeito, é utilizada para identificar as reais causas de um problema, uma a uma, a fim de comprovar qual delas está realmente causando o efeito (problema) que se quer eliminar ou mitigar.

Apesar de ter sido criada na década de 60, a metodologia está longe de ser amplamente aplicada em organizações privadas ou públicas, cujos gestores muitas vezes insistem em resolver os efeitos, gastando consideráveis somas de recursos e energia sem tratar aquilo que realmente solucionaria o problema, ou seja, sua causa principal.

Nem precisa ser um especialista em qualidade para organizar um raciocínio de causa e efeito. Basta dedicar um tempo com pessoas envolvidas no problema – seja pessoal interno, clientes, fornecedores ou usuários – e ouvir suas experiências, perguntando sempre: Por que isso está acontecendo?, e ir aprofundando nas questões, até chegar à raiz do problema.

Esse princípio é particularmente relevante se o combinarmos com outra regra bastante conhecida, o Principio de Pareto, que afirma que, para muitos eventos, aproximadamente 80% dos efeitos vêm de 20% das causas (simplifiquei bem). Essa regra é aplicada em muitas áreas, como gestão, saúde, acidentes, esporte, software, entre outras.

Por exemplo, a Microsoft notou que, ao corrigir os primeiros 20% dos bugs mais relatados, 80% dos erros e panes relacionadas em um dado sistema seriam eliminados. Outro: profissionais de segurança usam o princípio para definir prioridades, assumindo que 20% dos perigos representam 80% dos acidentes.

Em épocas de recursos escassos, pensar e agir de forma estratégica nos pontos-chave de cada situação deve ser o diferencial entre investir na solução definitiva dos problemas prioritários ou ficar correndo atrás do rabo, atenuando sintomas sem extirpar sua causa.

Imagine, então, se relacionássemos os principais problemas da Saúde do Município, por exemplo: utilizando as metodologias combinadas, talvez identificássemos alguns gargalos importantes para uma atuação mais estratégica, com alguns focos bem claros na aplicação de recursos e pessoas, que talvez resolvessem 80% dos efeitos.

E no trânsito? Quais serão as causas reais que precisam ser atacadas para minimizar os problemas?

E na sua organização? E na sua casa? E na sua vida financeira? Experimente pensar um pouco sobre as reais causas de seus problemas. Repita a pergunta Por que isso acontece? pelo menos 5 vezes para cada problema levantado, e chegará a uma causa mais concreta e central que gera os efeitos indesejados.

A partir daí será bem mais simples atacar o problema.

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Carlos Alberto Facco – Secretário de Desenvolvimento Econômico de Campo Mourão | [email protected]