Motorista de 77 anos envolvida em acidente que matou adolescente pode ir a júri popular

A motorista de 77 anos envolvida no acidente que tirou a vida de Anthony Pietro Fanti Rosa, de 14 anos, na rodovia PR-558, entre Campo Mourão e Araruna, no final de novembro de 2024, tornou-se ré, ou seja, foi formalmente acusada e responderá ao processo criminal. Com isso, ela poderá ser levada a júri popular. A idosa estava embriagada, com a habilitação suspensa e dirigindo em alta velocidade, fazendo zigue-zague na pista, quando colidiu sua BMW com o carro do pai da vítima, Luiz Thiago Rosa.

O Ministério Público ofereceu denúncia contra a investigada no último dia 15. Um dia depois, em 16 de maio, o Juiz da 1ª Vara Criminal da Comarca de Campo Mourão recebeu a denúncia, sendo evoluída a classe de Inquérito Policial para Ação Penal de Competência do Júri. Dessa forma, ela passou a ser ré pelos crimes de homicídio doloso qualificado, com base no Artigo 121, Parágrafo 2º, Inciso III, do Código Penal, pela morte do adolescente, e tentativa de homicídio qualificado, conforme o Artigo 121, Parágrafo 2º, Inciso III combinado com o Artigo 14, Inciso II, também do Código Penal, do pai do Anthony, que conduzia o veículo que foi atingido.

O inquérito já havia apontado que a condutora estava embriagada e com a carteira de habilitação suspensa no momento do acidente. Apesar disso, ela segue em prisão domiciliar em Curitiba – fora da Comarca de Campo Mourão, cidade em que ela reside – com autorização legal para tratamento médico devido a um ferimento na perna causado pelo acidente.

Segundo a advogada da família da vítima, Tatiani Bertolucci, a acusada deverá apresentar resposta à acusação, com a defesa inicial, em até 10 dias. Depois disso, será marcada a audiência de instrução e julgamento, na qual as testemunhas – já ouvidas na fase policial – prestarão depoimento, agora, em sede judicial.

“Continuamos lutando pela confecção do laudo do módulo da BMW que ainda não foi concluído e é importante para a acusação”, enfatizou Tatiani. Por meio desse documento, será possível saber a velocidade real que o carro de luxo estava no momento da colisão. Já o advogado da acusada informou, por meio de nota, que se manifestará nos autos do processo – que segue em segredo de justiça – e afirmou que a condutora não assumiu o risco de causar a morte da vítima.

O acidente

O grave acidente que tirou a vida do adolescente de 14 anos no dia 24 de novembro de 2024, na rodovia PR-558, aconteceu quando ele retornava de Campo Mourão a Araruna com seu pai, em um veículo VW Virtus, após o jovem realizar uma prova na UTFPR.

Em frente ao acesso à Vila Rural Flor do Campo, em Campo Mourão, uma idosa de 77 anos que conduzia uma BMW colidiu com o Virtus. Com a violência do impacto, o adolescente, que estava no banco do passageiro, acabou ficando preso às ferragens, não resistindo aos ferimentos e morrendo no local. Já seu pai, de 38 anos, sofreu alguns ferimentos.

Após trabalhos de investigação da Polícia Civil do Paraná, a análise pericial indicou que o carro de luxo conduzido pela idosa estava em alta velocidade no momento do acidente. Além disso, de acordo com o laudo, não houve marcas de frenagem no local da colisão, o que apontou ausência de reação da condutora.

Com o impacto da batida, partes da BMW, incluindo peças do motor e do câmbio, foram ejetadas do automóvel e se espalharam pela rodovia. O inquérito concluiu, ainda, que a idosa estava embriagada quando o fato aconteceu. A constatação veio do laudo médico do Hospital Santa Casa e do depoimento de testemunhas, incluindo um policial civil que atendeu a ocorrência. Ele afirmou que a motorista apresentava “odor etílico e comportamento alterado”.

As investigações junto ao Detran também comprovaram que a investigada não tinha permissão para dirigir, pois estava com a CNH suspensa até 2025. Conforme os documentos incluídos nos autos dos processos, a suspensão foi aplicada em razão da reincidência e do acúmulo de infrações de trânsito consideradas graves e gravíssimas, assim como de excesso de velocidade e direção perigosa.