A busca incessante de Diogenes por sua mãe biológica. Ela pode estar em Campo Mourão ou na região

Sem sombra de dúvidas, a vida do mourãoense Diogenes da Silva Filho, 59 anos, dá para escrever um livro. Quem sabe  pode até virar roteiro de filme. Ele foi deixado em uma caixa de papelão pelos pais poucas horas depois de nascido, na porta da Catedral São José, em Campo Mourão. Até hoje busca entender o motivo. Talvez, provavelmente, porque não teriam condições de cuidá-lo. Como um anjo da guarda, uma enfermeira que trabalhava na Santa Casa passava pelo local e encontrou o menino. Foi levado à maternidade do hospital para receber cuidados.

Na Santa Casa logo se recuperou. Ficou forte e saudável. A enfermeira que o acolheu tinha uma amiga, Otília dos Santos Silva, que coincidentemente havia lhe confidenciado o desejo em adotar uma criança. Naquele tempo não existiam as burocracias de hoje. O menino logo encontrou uma nova família. Um novo lar. Foi adotado por Otília e o marido Diogenes da Silva. A mulher era do lar. Já Diogenes trabalhava no antigo Banco Comercial do Paraná em meados de 60 a 70.

Hoje, praticamente seis décadas depois, Diogenes está à procura de sua mãe biológica. Disse que há mais de 20 anos, quando já desconfiava ser filho adotivo, vinha fazendo uma busca incessante para encontrar sua genitora. “Gostaria de encontrar ela. Viva ou morta. Se estiver morta pelo menos vou poder visitá-la no túmulo”, disse em entrevista, por telefone, à TRIBUNA, ao comentar que claro, quer encontrar a mãe ainda viva. Atualmente Diogenes mora em Paranaguá. Trabalha no porto, na área administrativa. Ele informou que não conhece o pai biológico também.

Saída de Campo Mourão
Depois de adotado, Diogenes ficou em Campo Mourão apenas por cerca de um ano. Após isso, seus pais deixaram a cidade. Se mudaram para Floraí, depois Maringá e, por último, Paranaguá. Ele sequer sabe se tem irmãos de sangue. Nem mesmo tem alguma foto da mãe ou do pai, o que poderia ajudar nesta jornada. “Quem sabe com a divulgação desta reportagem alguém pode ver e me reconhecer”, espera.

Já desconfiado ser filho adotivo, Diogenes disse que só ficou sabendo, com certeza, após o próprio pai lhe confessar, já no leito de morte. “Na ocasião me disse que fui deixado numa caixa ao lado da Igreja Matriz. Falou que meus pais biológicos residiam ali próximo, na quarta ou quinta casa atrás da igreja”, informou.

Origem alemã
Diogenes disse que muito pouco sabe sua mãe. Pelo que seu pai adotivo relatou, ela tem origem alemã. Nem mesmo o nome dela ele sabe ao certo. “Por suas lembranças, meu pai adotivo disse que o nome dela poderia ser Godai, Godia ou Goldie”, comentou.

Em 1989, já aos 26 anos Diogenes retornou com o pai adotivo a Campo Mourão para visitar um amigo. Ele disse se lembrar que estiveram em uma lanchonete que chamava “O Caseirinho”, próximo de onde hoje é a Unespar. “Eu na época cheguei a perguntar para meu pai sobre minha mãe, mas ele sempre mudava de assunto deixando um mistério no ar. Acho que tinha medo de eu descobrir a verdade e talvez deixá-lo”, afirmou.

A mãe adotiva de Diogenes já morreu há cerca de 49 anos. Está sepultada no cemitério São Judas Tadeu de Campo Mourão. Segundo Diogenes morreu em meados de 1.974, logo após dar a luz a um filho, chamado Otílio, fruto do casamento com seu pai adotivo. Hoje reside também em Paranaguá, com Diogenes.

“Estou fazendo tudo o que posso para poder encontrar minha mãe biológica. Estou em contato com uma moça no cartório aí [em Campo Mourão] que está me ajudando e com uma funcionária da prefeitura”, comentou.

Na próxima segunda-feira Diogenes vai completar 60 anos. Disse que queria como presente de aniversário conhecer ou pelo menos saber quem é a mulher que o ‘colocou no mundo’. “Todos os Dias das Mães a dor no coração aperta porque fico imaginando como ela seria”, falou. Com quase nada de informações, Diógenes sabe que está procurando uma ‘agulha no palheiro’. Mas a esperança continua em seu coração. E forte. Ele disse que no mês de junho deve pegar férias do trabalho. A ideia é vir a Campo Mourão para tentar alguma informação concreta que leve à sua mãe biológica. “Que Deus ilumine e eu consiga alguma coisa”, falou.

Serviço
Informações que possam levar Diogenes ao encontro da mãe podem ser repassadas pelos números: (41)-3422-8204 ou (41) 98884-0224.

 

 

Diogenes, pai adotivo de Diogenes (filho). Fotografia da carteira
de trabalho dele, quando ainda trabalhava no extinto
Banco Comercial do Paraná, em Campo Mourão,
entre as décadas de 60 e 70

Diogenes ainda “rapazote”