Baixa comprovação de vacina contra aftosa preocupa na região

A baixa comprovação da vacina contra febre aftosa na Comunidade dos Municípios da Região de Campo Mourão (Comcam) está preocupando a Agência de Defesa Agropecuária (Adapar). Até essa sexta-feira (17), de acordo com balanço parcial repassado pela Adapar, núcleo de Campo Mourão, à Tribuna, apenas 25% do rebanho estavam com as comprovações feitas pelos criadores, o equivalente a apenas 60.000 animais.

A Comcam tem um rebanho total estimado de 520.000 bovinos e bubalinos, mas nesta etapa estão envolvidos cerca de 240.000 mil animais de 0 a 24 meses de idade. De acordo com o médico veterinário e fiscal da Adapar de Campo Mourão, Régis Canteri, a meta é vacinar 98% do rebanho. Dificilmente se atinge 100% porque uma pequena parte é para o abate, que não recebe a vacinação, explicou.

Canteri avaliou que a quantidade de comprovação da vacina está bastante abaixo do esperado, considerando que faltam apenas 13 dias para o término da campanha. A gente fica sempre alerta e reforçamos ao produtor a importância dele vacinar com antecedência porque o fim do mês de maio sempre é marcado por chuvas e isso pode atrapalhar a vacinação gerando transtornos, orientou.

O médico veterinário disse acreditar que o índice de vacinação esteja maior na região já que muitos produtores imunizam o rebanho, mas não fazem a comprovação. O produtor deverá comprovar a vacinação durante a campanha sob pena de multa caso isso não ocorra, alertou.

A comprovação pode ser feita no escritório da Adapar em Campo Mourão, prefeituras dos municípios, ou ainda pela internet no site: www.adapar.pr.gov.br. A multa para quem não fizer a comprovação em propriedades com até 10 animais é de R$ 956 e a partir de 10 animais R$ 99,00 por animal.

Canteri lembrou que para esta etapa a dose da vacina mudou, sendo reduzida de 5 ml para 2 ml para todos os animais, independente do peso e tamanho. Caso o produtor compre doses de 5 ml ainda existentes no mercado, a vacinação deverá ser assistida por um fiscal da Adapar.

Esta campanha em especial alertamos para que não deixem para vacinar de ultima hora por que a quantidade de vacina foi bem ajustada e não temos vacina sobrando. Como em novembro não vai ter vacina, todas as doses que não forem usadas durante a campanha tem que ser recolhidas e não vai tem em estoque, observou Canteri. Segundo ele, fiscais da Adapar estão assistindo a vacinação em algumas propriedades da região. É uma orientação do Ministério da Agricultura, argumentou.

Durante a campanha de vacinação, o transporte de bovinos e búfalos somente será autorizado após a realização da vacinação e da comprovação, tendo que aguardar o prazo previsto para movimentação, após a aplicação da vacina, que é 15 dias para animais com uma vacinação e sete dias para animais com duas vacinação.

O transporte de animais somente deve ser realizado com a GTA – Guia de Trânsito Animal. A GTA deve ser retirada para toda movimentação de animais (entrada e saída da propriedade), mesmo quando realizada dentro do mesmo município e entre vizinhos.

Última campanha

Esta será a última campanha de vacinação contra aftosa no Paraná. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) realizou em 2018 duas auditorias necessárias para o encaminhamento do pedido do Paraná a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) para que o Estado tenha o status sanitário livre de febre aftosa sem vacinação. Os técnicos do Mapa avaliaram programas, estrutura, capacidade técnica, financeira e administrativa do serviço de veterinário oficial do Estado. O Mapa reconheceu que o Paraná tem condições do status. O Paraná possui um rebanho de 9,2 milhões de bovinos e búfalos, distribuídos em 178.885 explorações pecuárias.

Recomendações

O produtor deve sempre conservar a vacina em local resfriado, na geladeira ou caixa isotérmica com gelo; nunca expor ao sol. Somente transportar a vacina da loja agropecuária até a propriedade em caixa isotérmica com gelo, mantendo-a refrigerada até o momento da aplicação.

A vacina deve ser aplicada com agulhas e seringas bem limpas e desinfetadas para evitar contaminações. Antes de usar é importante agitar o frasco. A dose a ser aplicada é de 2 ml, para todas as idades, tamanho e peso do animal. Nunca deve ser aplicada uma dosagem menor que essa.

A vacina deve ser aplicada na ‘tábua’ do pescoço, via subcutânea ou intramuscular. A vacinação deve ser realizada o quanto antes, não deixando para os últimos dias da campanha e também não deixar para comprovar nos últimos dias.

A febre aftosa é uma doença infecciosa aguda, causada por vírus, sendo uma das mais contagiosas que atingem os bovinos, búfalos, ovinos, caprinos e suínos. Causa febre, seguida do aparecimento de vesículas (aftas) principalmente na boca e nos cascos, dificultando a movimentação e alimentação dos animais, o que acarreta elevada e rápida perda de peso e queda na produção de leite, tendo como consequência grandes prejuízos na exploração pecuária.

O vírus está presente no epitélio e fluido das vesículas e também pode ser encontrado no sangue, saliva, leite, urina e nas fezes dos animais afetados. Qualquer objeto contaminado com uma dessas fontes de infecção torna-se uma perigosa fonte de transmissão da doença de um rebanho a outro. Os animais contraem o vírus por contato direto com outros animais infectados ou por alimentos e objetos contaminados.

A doença é transmitida pela movimentação de animais, pessoas, veículos e outros objetos contaminados pelo vírus. Pessoas que lidaram com animais doentes também podem transmitir o vírus por meio de suas mãos, roupas e calçados. A principal consequência da ocorrência da febre aftosa é econômica.

Devido ao alto poder de difusão do vírus e aos impactos econômicos provocados pela doença, os países e áreas livres de febre aftosa estabelecem fortes barreiras à entrada de animais susceptíveis e seus produtos oriundos de regiões com febre aftosa. Assim, basta apenas um foco desta doença (uma propriedade atingida) para haver restrição ao mercado internacional. Essas barreiras têm efeitos negativos sobre a pecuária e na economia do país, com graves consequências sociais.