Os nove filhos de Márcia e Reginaldo, conheça a história da família Fumagalli

A família Fumagalli tinha tudo pra dar errado. Reginaldo e Márcia se casaram em 93. Ele bebia demais. Quase um alcoólatra. Os conflitos eram diários. Uma briga atrás da outra. Sempre motivadas pela bebida. Embora católicos, não seguiam todas as regras da santa igreja. Mas tudo mudou. Entre 2001 e 2002, após o nascimento da segunda filha, Mariana, o casal buscou a paz. Desejavam manter a família sem discussões. Sem agressões verbais. Sem ofensas. Então, buscaram seguir os passos do criador. Lendo a Bíblia e, escutando as palavras do Pai, iniciaram uma nova jornada. A família renasceu. O que estava em cinzas, ganhou vida. E, muitas vidas. Tiveram nove filhos. Todos, segundo eles, pela vontade divina. Os Fumagalli estão felizes. E Reginaldo, não deu mais trabalho a esposa.    

Os dois se conheceram ainda estudantes. Tinham 20 anos. Ali, no pátio do Colégio Estadual, em Campo Mourão, passaram a trocar olhares. Mas um dia, se conheceram. E começaram a namorar. Nunca mais se largaram. Embora, isso quase tenha acontecido. Márcia conta que, após casados, teve vontade de procurar um advogado e pedir o cancelamento do matrimônio. Ele bebia demais. Dava muito trabalho. Aprendendo os ensinamentos católicos da mãe, Natália, Márcia queria frequentar a igreja. Ir as missas com o companheiro. “Mas não tinha jeito. Ele estava sempre bêbado”, disse. 

No começo, Reginaldo não queria ter filhos. Mas em 1994, depois de um preservativo furado, o casal teve a graça em receber o primeiro filho, Marcelo, hoje com 25 anos. As brigas continuaram. E ele, bebendo. Em 2002, planejaram o segundo filho. Veio Mariana. Mas, sob uma enxurrada de confusões em casa, decidiram dar um basta. Os Fumagalli mudaram a própria vida. Seguindo a Bíblia, rumaram na direção do amor. Reginaldo parou com a bebida. Buscaram a igreja. E, o resultado foram outras sete gestações. Na verdade, Márcia e Reginaldo decidiram agir através de Deus. Hoje, todos os seus passos seguem os ensinamentos deixados por Ele.

Depois do nascimento de Mariana, o casal continuou utilizando métodos contraceptivos. Mas não adiantou. Gabriel, o terceiro, nasceu em 2005. Em 2006 nasceram os gêmeos Emanuel e Eduarda. “Mesmo usando anticoncepcionais, Márcia continuava engravidando. Chegamos a conclusão que era a vontade de Deus. Então, paramos de usar, pra sempre”, lembra Reginaldo. Assim, Maria Clara veio ao mundo em 2008. Miguel, em 2010. Infelizmente, em 2012, houve um aborto espontâneo. Márcia estava com um mês de gravidez. Mas a vontade de Deus, segundo eles, era maior que tudo. 

Após perder o feto, Márcia buscou uma médica. E foi submetida a uma curetagem. Uma raspagem no útero para limpá-lo. Passados pouco mais de 30 dias, ela retornou para uma checagem. Aproveitou o ensejo para explicar a doutora que estava diferente. Tinha enjoos. Tinha a sensação de estar grávida. “A médica me disse que isso seria impossível. Principalmente, após um aborto. E um procedimento como a curetagem”, disse. É, mas tem coisas que ninguém explica. Naquele mesmo dia, no ultrassom, eis que surge um coração batendo. Sim, Márcia estava grávida novamente. Desta vez, de Vitória. Nome sugestivo a quem desafiou os ensinamentos da medicina.

Em 2015, o casal recebeu a graça de sua última filha, Ana Beatriz. A caçulinha de toda a turma. E foi só. Pelo menos, até agora. A família vive numa casa própria. Em alvenaria. Ali, na rua Curruíra, 223, residem 11 pessoas. São cinco quartos. Um ao casal. Outro a dona Natália, mãe de Márcia. E outros três aos meninos e meninas. Uma turma bem animada. Que compartilham seus problemas. Mas jamais deixaram de sorrir. De se respeitar. Todos se amam verdadeiramente. Apenas Marcelo não tem quarto. É que ele se casou. Arrumou um bom emprego em Paiçandu. E pra lá se mudou. Marcelo perdeu o lugar na van.

Até 2018, os Fumagalli tinham uma Kombi. Como a família era grande, só ela pra carregá-los. Mas tinha um problema. Havia apenas nove lugares. O jeito foi comprar uma van, ano 2001. Agora com 16 lugares. Pronto. Lugares garantidos a todo mundo. Reginaldo conta que o veículo da família os leva à igreja. E também a Maringá. Pra ver o primogênito e a avó paterna. A van da alegria.

Reginaldo é natural de São João do Caiuá. Mas, depois de andar por muitas cidades do país, acabou em Campo Mourão, ainda em 91. Aqui, trabalhou em uma grande empresa, até se aposentar. Mais recentemente, recebeu um convite para voltar ao trabalho. Aceitou. Hoje, atua no estacionamento da Catedral São José. Renda a mais para uma turma grande em casa.  

Este mês, o casal completa 27 anos de união. Tudo deu certo na vida dos Fumagalli. Entre idas e vindas do destino, a família cresceu e o amor foi eternizado. Tudo em nome de Deus. Aliás, na casa, tudo gira ao redor “Dele”. Desde que se entregou à Igreja Católica, o casal pratica uma educação cristã aos filhos. “Tudo acontece segundo a vontade de Deus”, afirma Reginaldo.

Natália, a avó, sempre morou com o casal. Ela se sente feliz assim. Afinal, quem não gostaria de viver entre nove criaturinhas, todas abençoadas por pais tão amáveis? Além disso tem a bagunça do dia a dia. As descobertas da infância. O amor refletido em cada olhar das crianças. Natália é feliz ali.

Reginaldo e Márcia estão satisfeitos com o caminho escolhido. Seguem a vontade do criador e vivem pregando o bem. Levam uma vida sem regalias, sem luxo. Mas nunca, nada faltou. Pelo contrário. A cada dia recebem presentes misteriosos. Proteção. Obras divinas. Dias desses, um amigo os visitou. Passou horas na casa. Estava com o vírus da Covid. Nem ele sabia. “Aqui ninguém se infectou. Fomos protegidos. Mas soube que seus familiares foram contaminados. A cada dia sou mais grato a Deus. Ele sempre está conosco”, disse Reginaldo.