Prefeito diz que cidade deixou de ter vida com a pandemia

Em entrevista exclusiva para a TRIBUNA, o prefeito de Campo Mourão, Tauillo Tezelli, fez uma avaliação da gestão da cidade nesse pouco mais de um ano de pandemia de Covid-19. “A cidade deixou de ter vida ativa e estamos praticamente administrando essas questões de saúde”, lamentou o prefeito, ao responder que praticamente todos os projetos da administração estão parados. Confira na íntegra.

Em um ano de pandemia, qual o principal dilema da prefeitura?
Quando a gente assume a cidade tem como objetivo promover o bem da população. Mas com a pandemia você é obrigado a tomar decisões que desagradam pessoas ou segmentos. É muito complicado numa situação como essa com a saúde pública em colapso atender os interesses dos empresários. Infelizmente parece que alguns acham que o prefeito gosta de atrapalhar a economia. É justamente o contrário. 

Quais as áreas da administração pública mais envolvidas no enfrentamento da doença?
A Saúde, a assistência social que precisa agir também para atender um número muito maior de pessoas necessitadas e também a educação. É preciso continuar atendendo alunos e suas famílias, administrando a situação, entregando kits de alimentos. A administração em geral não tem como parar.
 
O que foi preciso aprender nesse um ano?
Estamos aprendendo todos os dias. Conforme a situação é preciso tomar uma decisão e você não sabe se vai acertar ou errar. A responsabilidade é muito grande, principalmente por falta de um planejamento nacional. É preciso dar preferência à saúde, falhando às vezes, mas aprendendo. 

Qual sua opinião a respeito do atendimento do governo federal aos municípios em relação ao Covid?
O governo federal repassou recursos para contratação de profissionais, compras de equipamentos, para os hospitais. Atendemos a UPA, contratamos fiscais, profissionais da Saúde. Se não fosse isso, o município não teria condições. As receitas e despesas estão todas no Portal da Transparência, são informações públicas. O que faltou foi um planejamento nacional de enfrentamento, porque sem esse plano ficou por conta dos prefeitos, que estão tendo que se virar

E quanto ao governo do Estado?
Também deixou muito por conta dos municípios, poderia estar mais próximo dos prefeitos nesse enfrentamento. Principalmente prefeitos de cidades menores têm dificuldades, porque além das questões de saúde envolve questões políticas, especialmente porque no ano passado teve eleição municipal em plena pandemia.

Das estratégias adotadas pela prefeitura qual foi a mais acertada até agora?
Criar um Comitê já no início para tomar decisões com as equipes técnicas. Ficamos sempre atentos a tudo, fazendo reuniões com segmentos da sociedade, com os prefeitos. Montamos 37 leitos de UTI, além de enfermaria e atendimento específico na UPA. Isso ajudou muito nesse enfrentamento.

Os órgãos de fiscalização, como Ministério Público, Tribunal de Contas, Poder Legislativo, têm colaborado com o município para o enfrentamento?
Alguns sim. Outros qualquer denúncia anônima sem base nenhuma já abre procedimento, cria dificuldade interna que você precisa ficar respondendo. Esses órgãos de controle, cada um pensa de um jeito e todos eles cobram do prefeito. É mais fácil pressionar o prefeito do que cobrar um plano nacional para todos cumprirem.

Que projetos do município foram atrapalhados pela pandemia?
Praticamente todos. Não tivemos mais reuniões para ouvir a comunidade. Temos excelentes projetos na área do esporte que estão praticamente parados, assim como as atividades culturais. A cidade deixou de ter vida ativa e estamos praticamente administrando essas questões de saúde.