Venda de repelentes dispara em Campo Mourão diante de epidemia de dengue

A epidemia de dengue em Campo Mourão, com 443 casos confirmados, é um problema grave de saúde pública, que tem levado a população às unidades de saúde. Nesta semana, o município decretou calamidade pública. A Unidade de Pronto Atendimento (UPA), vem há dias sofrendo com a superlotação de pacientes que procuraram atendimento médico com sintomas da doença. Além dos cuidados em não deixar a água parada e manter os ambientes livres de entulhos, médicos recomendam o uso de repelentes. Este tipo de produto simplesmente vem ‘desaparecendo’ das prateleiras das farmácias com a disparada de vendas.

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Com o aumento da demanda, as vendas chegaram a aumentar até 10 vezes em relação a outros períodos em uma farmácia na Avenida Capitão Índio Bandeira, esquina com a rua São Paulo, centro de Campo Mourão. Já em algumas redes, o crescimento ultrapassa 300%, conforme informações repassadas por atendentes à TRIBUNA.

A sócia-proprietária de uma farmácia na área central, ela pediu para não ter o nome divulgado, informou que o crescimento nas vendas começou ainda antes do Carnaval, mas foi intensificado há cerca de 20 dias. Ela não soube informar em percentual, mas garantiu que as vendas do produto cresceram em torno de dez vezes comparado a outros períodos.

Para se ter ideia, informou, durante um de seus plantões, durante o Carnaval, a cada três pessoas que chegavam à farmácia para a compra de medicamentos, duas reclamavam de dores sintomáticas à dengue. A proprietária do estabelecimento disse que antes do aumento de casos da doença, os repelentes não ‘saiam’ das prateleiras. Ou seja, praticamente nem vendia, realidade totalmente diferente de agora. “Hoje já tem algumas marcas específicas do produto em falta. As distribuidoras não tem, mas a indústria está repondo aos poucos”, comentou.

A empresária ainda fez um alerta bastante importante, que pode passar despercebido por muita gente, inclusive por próprios profissionais da Saúde, já que não se vê orientações neste sentido: o paciente com dengue também deve passar o repelente para que o mosquito não o pique e leve o vírus para outras pessoas, aconselha.

“O que eu mais vejo são pessoas dizendo que não vão usar o repelente porque estão com dengue ou já foram infectadas. Mas este é um tremendo equívoco. Quem está com dengue deve sim continuar usando repelente para evitar o risco de ser picada pelo mosquito, que será infectado e continuará com a transmissão”, ressaltou. Ela disse ainda que o uso do produto é bastante importante na prevenção e, principalmente grupos considerados de risco, como pessoas idosas, gestantes, não podem ‘abrir mão’ desse cuidado. “O uso do repelente preventivo é eficaz e já pode ser utilizado em bebês a partir de três meses”, frisou.

Em outra rede de farmácia consultada pela TRIBUNA, a atendente de call center, que também pediu para não ser identificada, informou que as vendas de repelentes no estabelecimento quadruplicou nas duas últimas semanas. “Está vendendo demais. As reposições do produto na prateleira são feitas, às vezes, até quatro a cinco vezes ao dia”, informou.

Segundo ela, ainda não chegou a faltar o produto, mas algumas marcas já não são mais encontradas. O preço do repelente varia de um estabelecimento a outro, com o frasco de 200 ml, por exemplo, partido dos R$ 15,00 a R$ 20,00, podendo ultrapassar R$ 40,00. Neste caso cabe ao consumidor pesquisar antes da compra.

“O seguro morreu de velho”

Todo mundo já teve ter ouvido o ditado: “O seguro morreu de velho”. A expressão sugere que é melhor prevenir e tomar medidas preventivas do que correr o risco de enfrentar consequências negativas. Seguindo este raciocínio, o empresário Nestor Bisi, proprietário de um escritório de contabilidade na área central da cidade, fez a compra de repelentes a todos os 21 funcionários que trabalham no local. Em um grupo de WhatsApp, ainda faz recomendações diárias para que se cuidem também fora do ambiente de trabalho. “A dengue não está para brincadeira. Vamos cuidar pessoal”, alertou ele em uma das mensagens.

Temendo a doença, a recepcionista de uma empresa, Natanny Fátima Gouveia, não perdeu tempo. Fez a compra de repelente para ela e o marido. “O mosquito é traiçoeiro. A gente nem vê a picada. Melhor prevenir. Todo cuidado é pouco”, afirmou.

O auxiliar de produção, Robson de Castro Barcelos, é outro que se cuida usando repelentes. Ele diz também que prioriza o uso de camisas. “Acredito que a manga longa protege contra picada do mosquito ou pelo menos dificulta. Apesar do calor, o importante é não pegar dengue”, disse.

Como escolher

Repelentes em spray ou creme à base dos compostos DEET, Icaridina ou IR 3535 são eficazes nos cuidados contra a dengue. As informações são de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Icaridina garante o efeito de proteção por 10 horas, enquanto IR 3535 e DEET por duas horas. É necessário usar os produtos seguindo as instruções do rótulo. Vale também conferir se o repelente é devidamente registrado pela Anvisa e tem sua eficácia comprovada para ação em mosquitos da espécie Aedes aegypti.