Violência contra crianças aumenta e lar infantil fica lotado

A Casa Lar Infantil Miriã, que acolhe crianças e adolescentes em situação de abandono ou violência, tem ficado lotada. Nesse período de pandemia, aumentaram os casos de violência contra crianças, que já era alto para o porte de Campo Mourão. Sem aulas e em casa, crianças que já viviam esse drama agora sofrem ainda mais. Em muitos casos a alternativa é a Justiça retirá-las do convívio familiar e encaminhá-las para a Casa Lar.

“Tivemos um aumento de pelo menos 50 por cento de acolhimento nesse período”, revelou o juiz da Vara da Infância, Juventude e Família de Campo Mourão, Edson Jacobucci Rueda. Ele explica que o acolhimento é feito pelo Conselho Tutelar, que leva a criança ao Lar, que tem ate 24 horas para comunicar a Vara da Infância. “Com a comunicação, damos inicio ao processo de acompanhamento”, sintetiza o juiz.

Das que ficam abrigadas no Lar, pelo menos metade é devolvida ao convívio familiar. Outra parte continua acolhida, ou para voltar para a família ou, em último caso, para adoção. São encaminhadas para o Lar Miriã meninos de 0 a 11 anos e 11 meses e meninas de 0 a 17 anos e 11 meses, vítimas de violência ou negligência familiar. 

Segundo o juiz, muitos casos de violência estão ligados ao consumo de drogas ou alcoolismo. É o caso de uma mãe de nove filhos, que recentemente teve um bebê acolhido no Lar após constatação de maus tratos. “Nenhum dos nove filhos está com ela”, lamentou o magistrado. Quatro foram para adoção, uma está casada e os demais estão morando com familiares.

Rede de proteção

“Cada criança que chega aqui é como um filho que nasce”, diz a coordenadora do Lar Miriã, Surai de Lima, ao resumir o trabalho da instituição, ligada à Igreja Luterana Livre, que faz parte da Rede de Atendimento a crianças e adolescentes. O local tem capacidade para até 20 acolhimentos, mas já chegou a atender bem mais.

No Lar Miriã eles recebem assistência social e psicológica, num trabalho integrado com a Rede de Atendimento, que envolve outras instituições, como Conselho Tutelar, Poder Judiciário e Assistência Social do município. 

A equipe é composta por uma pedagoga, uma psicóloga, uma assistente social, sete cuidadores e educadores, uma professora estagiária para acompanhamento escolar e uma voluntária para serviços gerais.